A nova série criada, escrita e protagonizada por Josh Thomas, para o canal americano Freeform, e distribuída no Brasil pela HBO, segue a mesma fórmula de seu sucesso australiano Please Like me(2013-2016), porém apresenta uma nova abordagem ao tratar de temas delicados, mas sempre mantendo o humor sagaz, leve e rápido.
Com 10 episódios, apenas o primeiro possui 45min, os demais 20, a série começa apresentando o drama do pai(Christopher May) de Nicholas(Josh Thomas), que prestes a morrer de câncer está preocupado com o futuro das filhas e com quem deixará a tutela. As meias-irmãs do protagonista são as igualmente especiais: Matilda(Kayla Cromer) e Genevieve(Maeve Press).
“Sinto muito por sua perda”, quando Matilda faz seu discurso no funeral do pai afirmando sua importância em seu desenvolvimento como autista, a própria atriz tem um leve autismo, a personagem oferece um momento comovente, ainda que com doses de constrangimento. A cena mostra o potencial do que está por vir a seguir.
Quanto à Nicholas, é óbvio que a tutela recai sobre ele, enquanto mantém um relacionamento com Alex(Adam Faison), que se muda para a mansão, provocando certa desconfiança nas garotas. O amor, no entanto, parece verdadeiro.
Como Nicholas é um etimologista, há exemplo de Please like me, onde havia muita comida, aqui o close é nos insetos. O nome dos episódios são todos de espécies exóticas, e há muitos planos fechados dos bichinhos transitando de uma cena para outra.
Aos 17 anos, Matilda é mentalmente capaz de entrar na melhor universidade de NY, porém o nível de seu autismo preocupa seus irmãos. A personagem está debatendo a perda de sua virgindade e iniciando um relacionamento com a até então incompreendida, Drea(Lillian Carrier).
Enquanto Nicholas aparece reluzindo em drag, performando Don’t leave this Way, de Thelma Houston, as irmãs estão num caminho de descoberta, que se aprofundará ainda mais na segunda temporada.
Mesmo impactada, pela pandemia da COVID-19, a segunda ,e última parte, de Vai dar Tudo certo reforça o orgulho autista. O romance entre Drea e Matilda ganha mais espaço, para que o autor possa explorar de forma lúdica e adocicada o tema da assexualidade.
Cada vez mais dona de si Genevieve se mostra a pessoa mais madura dessa família disfuncional, ao mesmo tempo que também tem seus interesses amorosos. De suas amigas, sobrou apenas Barb, que traz alívio cômico e algumas piadas hilárias, quando como por exemplo olha pasma para o corpo seminu de Alex e diz: “É um homem!”.
Nicholas é agitado e gosta das coisas de seu jeito, o personagem mostra um enorme senso de humanidade, embora às vezes pareça egocêntrico. A maneira como vive começa a incomodar Alex, e os dois iniciam uma crise no relacionamento. Mas parece que o alicerce do protagonista não é o namorado, e sim suas duas irmãs, que lhe proporcionam momentos de ternura sem fim.
São Matilda e Genevieve que levam Nicholas numa jornada de amadurecimento, troca de aprendizados, além de serem fundamentais nas reviravoltas que estão guardadas para o final. Vai Dar Tudo Certo é uma série que mostra que não escolhemos nossa família, mas que eles são a base, e no final das contas com quem sempre poderemos contar.
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