Após tentativa de veto do atual governo, devido ao conteúdo ser considerado ‘impróprio’ pelo regime, o documentário cearense Transversais, de Emerson Maranhão, foi impulsionado e ganha ainda mais luz e visibilidade com sua chegada na Netflix Brasil.
O filme acompanha a vida de cinco pessoas, que possuem em comum, o fato da vida ser atravessada pela transexualidade. Érikah é professora, Samilla é funcionária pública. Caio é paramédico, Kaio Lemos é pesquisador. Mara é jornalista e mãe de uma adolescente trans, Lara. Os cinco têm origens, formações e classes diferentes.
Mara Beatriz, única mulher cisgênero na produção, também encarou a transfobia de frente ao tomar conhecimento que era mãe de uma adolescente transgênero. Atualmente ela é uma das ativistas mais fervorosas no grupo Mães pela Diversidade no Ceará.
O documentário acompanha seus personagens, retratando suas vidas cotidianas, suas vivências e reflexões sobre identidade de gênero, família, relacionamentos, além de confissões e desabafos, que vêm acompanhados de um bocado de dor.
O longa ganha força quando começa a se aprofundar, em seus personagens, que contam casos de enfrentamento transfóbico, assim como suas conquistas. O material é enriquecido por imagens captadas e o poder está no próprio depoimento dos personagens que agrega muito valor.
O filme ainda mostra que a classe de cada um, pode moldar o tipo de opressão social que será sofrida. A fotografia salienta essa discussão através de closes iluminados de rostos que estiveram nas sombras por tanto tempo.
A ideia original era fazer uma série documental, de 5 episódios, para a televisão, mas a tentativa de proibição por parte do Governo Federal, fez com que o produtor Allan Deberton, diretor de Pacarrete(2019), conseguisse com sucesso realizar um longa.
Transversais se apresenta como um retrato urgente e consciente de como acontecimentos políticos afetam uma comunidade. O manifesto da realidade de um país consumido pela intolerância, consegue comover o espectador em alguns momentos de partir o coração.
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