quarta-feira, 2 de março de 2022

Melhores Amigos(Little Man, EUA, 2016)

Melhores Amigos, como sua dupla titular, é ao mesmo tempo leve, gentil, impetuoso e introspectivo, mas também comovente, caloroso, honesto e forte. Theo Taplitz é Jake, o filho de um psicoterapeuta e ator, visando um daqueles futuros da Educação de Nova York que outros filmes já tratam.

Antonio(Michael Barbiere) e Jake são o filme - a amizade de seus personagens, a intersecção de seus caminhos provocada pela morte, aluguel e ambição. Suas mães, interpretadas por Jennifer Ehle e Paulina Garcia são unidas por essa amizade em um relacionamento complicado por dinâmicas acima e além de seus filhos. Greg Kinnear é o pai de Jake e ainda há Alfred Molina em algumas cenas, não anunciadas, quase sem paralelo, mas não injustificadas.


O longa de Ira Sachs, coescrito com seu colaborador Maurício Zacharias, de Madame Satã(2001),  passeia por temas como a definição de família, amizade e sexualidade e ele fala desses sentimentos com nostalgia, com um carinho que influencia o andamento do filme.


Assim como em O Amor é Estranho(2014), Ira Sachs nos leva a questão da gentrificação, entendida como a nociva modernização de um bairro, onde as necessidades dos cidadãos não são priorizadas, mas tudo se articula em torno da especulação imobiliária e dos negócios que priorizam o enriquecimento rápido daqueles de maior poder aquisitivo, forçando as classes menos favorecidas perderem suas casas ou negócios..



Quando havia um antigo contrato de arrendamento da loja de Leonor(Garcia) com o avô de Jake , prevalecia o valor das palavras, da confiança, da amizade e da solidariedade, da ajuda mútua entre o proprietário e o inquilino: um sentimento cívico, profundamente enraizado em um bairro como o Brooklyn.

No momento em que o avô morre, início do filme, é quando entra o conflito, a propriedade é herdada pelos filhos e o contrato, caso seja renovado, não terá as mesmas condições, mas será levado ao nível do que existe no mercado.

Mas em comparação com essas camadas nas relações que os adultos mantêm e que esconde um fenômeno de injustiça social, contrasta a relação que os adolescentes mantêm ao se encontrarem. A aliança se dá de forma tácita, não há duplicidades e há um afeto autêntico e puro. A partir do relacionamento de Jake com Toni, o primeiro pode construir sua própria identidade sexual, da mesma forma que Toni já demonstra interesse por garotas.


O garoto tão atípico sempre precisando de proteção, Jake, aquele que sempre se esconde atrás do amigo Tony, o carismático, o sociável, o brilhante, aquele que todo mundo gosta. Expostos a mudanças os personagens passeiam por um cenário que eles nem sempre sabem qual será. Melhores Amigos não é apenas mais um filme, é a imagem mental e emocional desse vínculo e dessa união inquebrável da verdadeira amizade.

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