terça-feira, 17 de maio de 2022

Ed Wood(EUA, 1994)


É preciso ser um gênio excêntrico para ser considerado o pior cineasta de todos os tempos,o que Edward D. Wood Jr.(Johnny Depp) certamente foi. Ed Wood, de Tim Burton, é sobretudo sobre a paixão de um homem pelo cinema, o suficiente para torná-lo uma lenda.

A obra celebra Wood através do espírito maluco dos filmes B, dos anos 1950. Quando o longa começa, Wood está batalhando para emplacar seu primeiro longa, Glen ou Glenda?, protagonizado pelo próprio e baseado em suas experiências crosdressers.


Tim Burton sempre foi mestre em personagens não convencionais. Em Ed Wood ele nos dá um herói interpretado com calor e entusiasmo por Johnny Depp. Wood é um homem que simplesmente  quer fazer filmes, e que está tão deslumbrado com Hollywood que enxerga no pobre Bela Lugosi(Martin Landau), há muito passado de seu auge, uma estrela.


Há outros que caem em sua órbita: Bunny Breckinridge (Bill Murray), um gay pintoso, que quer realizar uma mudança de sexo, que se encaixa perfeitamente nas obras de Wood. Criswell (Jeffrey Jones), que consegue encontrar emprego sem nenhum talento aparente, Tor Johnson (George Steele), fisicamente inepto, mas talentoso aos olhos de Wood, além de Vampira (Lisa Marie), a apresentadora de cinema da meia-noite cujo decote sempre parecia convidativo.

Na versão de Burton, para o livro Nightmare of Ecstasy, de Rudulph Grey, Wood é um homem que não apenas aceita a realidade, mas a celebra. Longe de ser reservado sobre seu amor por vestir roupas femininas, ele trata isso como a coisa mais natural do mundo, colocando um suéter angorá, saia e salto alto para ajudar a relaxar enquanto dirige uma cena.

A parceira de Wood em sua carreira incerta é sua sofrida noiva Dolores Fuller (Sarah Jessica Parker), cujo infortúnio é ver sua situação claramente.  Ela bravamente tenta lidar com seus desejos de vestir-se de mulher, no entanto, sucumbe ao universo do marido. Outras aquisições no elenco ainda incluem Patricia Arquette e Vicent D’Onofrio, como Orson Welles.


No coração do filme está a amizade de Wood com Lugosi, um homem que ele realmente adora e que passa a depender dele. Vemos Lugosi sozinho e solitário em uma casinha frágil, habitando a escuridão cada vez mais profunda e Wood é capaz de levantá-lo e,lhe garantir uma dupla imortalidade: como a estrela de alguns dos melhores filmes de terror já feitos, e depois de alguns dos piores.

O filme ainda mostra que Wood acreditava que o seu Plano 9 era arte desde o início. Ele construiu o filme em torno da atuação de Lugosi depois que o lendário ator já havia morrido. Ver Vampira renascer da sepultura e ver seus amigos retratando alienígenas e policiais foi satisfatório para o diretor. Ele estava em seu elemento, feliz por ver sua visão ganhar vida.


A fotografia em preto e branco e os elementos fantásticos da cenografia do filme recapturam de forma convincente a aparência e a sensação dos anos 1950. Os filmes de Wood podem ter sido os piores já feitos, mas inspiraram uma verdadeira obra-prima.

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