terça-feira, 3 de maio de 2022

Strella(Στρέλλα, Grécia, 2009)

Panos Koutras assina em Strella uma obra que não se encaixa no conservadorismo e nos tabus. Um filme que apresenta um mundo completamente diferente, onde Strella, a atriz trans Mina Orfanou, é um pouco burlesca, um mundo que você pode amar, você pode odiar, mas certamente não o deixará indiferente e fará perguntas para as quais você provavelmente não encontrará facilmente a resposta certa.

Após 14 anos de prisão, Yorgos(Yannis Kokiasmenos) é libertado. Em seus quarenta e poucos anos, ele quer fazer um começo limpo. Com pouco dinheiro no bolso e antecedentes criminais, não há muitas opções. Mas ele precisa desesperadamente começar uma nova vida.


No primeiro dia fora da prisão, ele acaba em um hotel muito barato em uma das áreas mais carentes de Atenas. Lá ele conhece Strella, uma prostituta transexual, com quem inicia uma relação sexual que leva a algo mais. Strella está totalmente ciente da condição financeira de Yorgos e lhe oferece um lugar para ficar. Logo os dois se tornam um casal.


O plano de Yorgos para começar uma nova vida é baseado no fato de que ele poderá vender sua casa de família localizada em uma vila em algum lugar da Grécia continental. Para conseguir vender. Yorgos precisa voltar para sua casa e enfrentar seu passado. Quando ele chega lá, as pessoas o tratam surpreendentemente bem; eles não parecem ter medo de que ele seja um ex-presidiário.


É aqui que o passado de Yorgos é revelado. Quinze anos atrás ele matou alguém, mas foi um crime de honra. Ele fez o que todo pai teria feito; ele fez o que achou melhor para proteger seu filho ou pelo menos foi o que ele pensou.


Strella é um filme muito forte por várias razões. Ele definitivamente vai ficar sob sua pele. A trama consiste em uma essência queer, com diversas travestis em cena, lembrando inclusive o cinema mais antigo de Almodóvar. É o tipo de obra que deixa você ansioso para analisar o que viu.


No entanto, não é apenas o roteiro que vai te fascinar em Strella, é também a direção única de Panos Koutras. Você verá Atenas mais feia, ingrata e nebulosa do que nunca, o que se exige em uma história em que os protagonistas lutam com seus demônios pessoais, e a esperança ainda parece distante.


Em sua primeira parte, o filme flui sem exageros de direção e consegue reproduzir quase idealmente o mundo em que seus protagonistas vivem e agem. A atmosfera e essa imagem positiva mudam drasticamente após a reviravolta do filme. Até aquele momento, a interpretação está no julgamento de cada espectador, mas no final, Koutras parece querer




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