quarta-feira, 18 de maio de 2022

LOVE(França/Bélgica, 2015)

Provocativo por excelência, o cineasta franco/argentino Gaspar Noé aborda o erotismo querendo dar ao seu filme uma dimensão artística, emocional e filosófica. No que ele é mais interessante é nas suas escolhas e nas suas propostas de produção, sempre inovadoras, atrevidas e fascinantes.

Com LOVE, o choque já vinha da premissa inicial: contar uma história de amor com sequências de sexo explícito, em 3D. Ainda é necessário que essas cenas sejam justificadas no filme e não se transformem em uma simples ferramenta promocional.


Murphy (Karl Glusman) vive em um relacionamento infeliz com seu filho e sua namorada Omi (Klara Kristin). Quando a mãe de sua ex-namorada, Electra (Aomi Muyock) liga porque ela desapareceu, ele sai em busca dela.


Ele se lembra de seu relacionamento com Electra e como foi importante para ele. Ele também tenta recapitular os erros do passado e se perde cada vez mais em suas memórias durante essa busca.

Tudo se resume a acompanhar o cotidiano de um casal, desde a separação até o encontro, o filme como Irreversível(2002) vai sendo novamente montado de cabeça para baixo e mostrando os momentos da mais pura paixão. Gaspar Noé queria mostrar uma história de amor verdadeira e comovente. É claro que encontramos em LOVE um verdadeiro trabalho de direção e de imagem, com o neon característico,  acompanhado de uma excelente e inebriante trilha sonora.


Encontramos a questão do triângulo amoroso, também presente no filme, mas aqui permitindo abordar a bissexualidade feminina de uma forma menos caricatural. Ela, que faz campanha para diferentes expressões sexuais feministas, há anos, dando um significado real apresentando uma trans ao parceiro, ou articulando um quarteto em uma piscina, juntando dois homens e duas mulheres, onde as sexualidades assim se misturam: homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade.


Se você cortar todas as cenas de sexo, o que resta é uma história melancólica sobre desgosto, feita com impressionante apuro cinematográfico, mas profundidade emocional um tanto superficial, apesar de toda sua postura trágica.



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