Um jovem adicto caminha por Montreal. Entre sua busca contínua por substâncias ilícitas e seus encontros românticos, um resultado feliz parece impossível. Como muitos dependentes químicos, ele se prostitui para conseguir manter seu vício.
A obra do realizador Rodrigue Jean é desconcertante a vários níveis. De fato, o diretor oferece o retrato de um jovem em constante necessidade, interpretado com sobriedade por Alexandre Landry, de lutar para viver tem o único propósito de estar sob a influência de alguma droga.
O Amor nos Tempos de Guerra Civil pode ser visto como uma ode à solidão ao mesmo tempo bela e cruel. Se há de fato uma luta que é travada ao longo do filme é essa guerra que o personagem principal conduz consigo mesmo. Por mais que tente se drogar, ele busca o contato humano tentando se apegar àqueles que cruzam seu caminho. Infelizmente, a dependência química e o alcoolismo, não é uma guerra que se ganhe fácil.
A câmera, quase sempre em movimento, percorre os rostos dos personagens em busca de uma revelação, uma realização ou uma epifania que não vem. O enquadramento muito fechado, banaliza o ato sexual e obriga o espectador a enxergar uma realidade social longe de ser brilhante.
Também é fascinante ver como os protagonistas são muitas vezes filmados por trás, na maioria das vezes andando pela cidade, no inverno. Podemos ver um desejo efêmero de anonimato dentro das muitas cenas explícitas. Longe de provocar um distanciamento, esse processo, ao contrário, coloca o espectador no papel de um voyeur.
O filme leva o público a seguir esses trabalhadoras do sexo, como clientes ávidos objetificando o corpo. Mas quando confrontado com essa sexualidade possibilitada pelo abuso de substâncias, ele não consegue mais desviar o olhar. E é aí que bate a mensagem do filme. O mesmo ciclo se repete até um final inevitável.
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