O diretor Alberto Vázquez brinca com a ideia do filme numa construção de pavor e narrativa de uma mitologia única. O realizador afirmou em entrevistas que teve três grandes influências para o filme: Bambi(1942), Apocalypse Now(1979) e a Bíblia. Surpreendentemente, ele conseguiu misturá-los muito bem, fazendo uma espécie de gore fofo.
O exército de ursos está em uma longa guerra com os unicórnios, que eles não conseguem vencer. Dizem que quem beber o sangue do último unicórnio ficará lindo para sempre. Um regimento de recrutas a priori incapazes de vencer fará uma incursão na Floresta Mágica para uma tocaia, mas suas tropas incluem Azulín, um ursinho invejoso e traiçoeiro.
O filme aborda muitos temas como a doutrinação militar de jovens, o fundamentalismo religioso, a maldade intrínseca e muita violência. E com tudo isso, a animação consegue criar e desenvolver seu universo particular em uma hora e meia.
O design é muito inspirado na cultura queer, com arco-íris sempre à mostra, mesmo em tripas, e símbolos LGBTIQA+, com desenhos e cores para todos os ursos e aplicados cheios de criatividade. Já os unicórnios, apresentam um visual mais solene, sua virtude é baseada em sua simplicidade.
A história é um verdadeiro mergulho de pesadelo na sensibilidade ecológica e feminista, retratando filhotes de urso belicistas cujas vozes são exclusivamente masculinas enquanto os unicórnios são acompanhados por vozes femininas e lutam contra a agressão acima de tudo.
É uma mistura de Ursinhos Carinhosos com Holocausto Canibal(1980). Alberto Vázquez, depois da seu primeiro longa de animação Psiconautas (2015) corealizada com Pedro Rivero, continua a história do curta Sangre de Unicornio (2013) onde já se falava de uma guerra entre filhotes de urso e unicórnios.
Se o cinema espanhol há muito se destaca pela mestria do terror, esse terreno ainda havia sido pouco explorado pela animação. A fábula ecológica compartilha muitas questões com os filmes do Studio Ghibli, com uma abordagem resolutamente iconoclasta com o objetivo de sensibilizar através de figuras da infância.