A nova Emmanuelle, interpretada por Noémie Merlant, é uma mulher de 30 e poucos anos que viaja para Hong Kong para inspecionar um hotel de luxo. Diferente da versão de 1974, esta Emmanuelle não é apenas um objeto de desejo masculino; ela é uma agente ativa em busca de seu próprio prazer e significado. No entanto, o filme luta para encontrar um equilíbrio entre erotismo e coesão.
Uma das intenções claras de Diwan é transformar Emmanuelle de um símbolo de fantasia masculina para um ícone de empoderamento feminino. A narrativa tenta abordar questões como o desejo feminino no contexto pós-#MeToo, a superficialidade do prazer no mundo moderno, e a crítica ao consumismo e à objetificação. No entanto, a execução dessas ideias é pretensiosa, o que pode desapontar parte do público que busca a escapada sensual do título
Numa ótica bissexual, ao filme pode ser vista como um passo na direção de uma representação mais autêntica e menos sensacionalista da bissexualidade no cinema. A inclusão dessas relações sem estigmas é um avanço, mas a execução pode deixar a desejar para quem busca uma experiência erótica mais engajada.
Noémie Merlant traz uma interpretação sofisticada e introspectiva de Emmanuelle, capturando o senso de uma mulher perdida em busca de algo mais significativo que o materialismo e a luxúria vazia. Seu desempenho é um dos pontos altos do filme, apesar da limitação do roteiro em desenvolver verdadeiramente sua personagem. O elenco de apoio, incluindo Naomi Watts e Will Sharpe, agregam, mas o filme não explora plenamente o potencial dessas interações.
"Emmanuelle" de Audrey Diwan é uma tentativa ousada e intelectual de recontextualizar um mito erótico do cinema. Embora tenha seus méritos em termos de intenção e atuação, especialmente por Noémie Merlant, o filme falha em capturar a essência erótica e a conexão emocional que sua premissa sugere. Ele se posiciona como um estudo do desejo moderno mas, ao fazê-lo, perde parte do apelo sensual que fez o original ser um fenômeno cultural.
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