sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

VISIBILIDADE QUEER NO OSCAR 2025

 

A representatividade queer no Oscar 2025 marca um momento significativo na história da premiação, refletindo avanços e desafios na inclusão da comunidade LGBTQIA+ no cinema. Com indicações históricas, como a de Karla Sofía Gascón, a primeira atriz trans a concorrer a Melhor Atriz por Emilia Pérez, e a presença de figuras como Colman Domingo e Cynthia Erivo, a edição destaca narrativas e talentos queer em categorias de peso. Apesar de ausências notáveis, o Oscar 2025 sinaliza uma evolução na busca por diversidade, ecoando mudanças iniciadas com movimentos como #OscarsSoWhite e as regras de inclusão da Academia implementadas desde 2024. Esse cenário evidencia tanto o progresso quanto o caminho ainda a percorrer para uma representatividade plena.



Um marco histórico com Karla Sofía Gascón

Pela primeira vez na história da premiação, uma mulher trans, Karla Sofía Gascón, foi indicada na categoria de Melhor Atriz por seu papel em Emilia Pérez, dirigido por Jacques Audiard. A indicação de Gascón marcou um momento de celebração para a comunidade LGBTQIA+, reforçando a visibilidade de narrativas trans no cinema mainstream. Sua personagem, uma ex-líder de cartel que passa por uma transição de gênero, foi elogiada por muitos como um retrato complexo e humano, mas também gerou críticas por sua abordagem sensacionalista.


A(s) problemática(s) envolvendo Emilia Pérez

Apesar do sucesso inicial em festivais como Cannes e de suas 13 indicações ao Oscar, Emilia Pérez enfrentou uma onda de polêmicas que abalou sua campanha. A protagonista, Karla Sofía Gascón, viu-se no centro de controvérsias após o ressurgimento de postagens antigas nas redes sociais, consideradas racistas e xenófobas, o que gerou acusações de incoerência com os valores progressistas que o filme supostamente defende. Além disso, o longa foi criticado por sua representação estereotipada do México e pela falta de atores mexicanos em papeis principais, levantando questões sobre apropriação cultural e autenticidade.



Outras Vozes Outro nome que brilha entre os indicados é Colman Domingo, abertamente gay, que concorre a Melhor Ator por Sing Sing. Após sua indicação em 2024 por Rustin, Domingo se consolida como uma força no cinema, trazendo uma performance poderosa que reflete sua própria identidade e experiência. Já Cynthia Erivo, atriz bissexual, disputa o prêmio de Melhor Atriz por Wicked, reforçando a presença de artistas queer que interpretam personagens marcantes e acessíveis a um público global. A inclusão de Elton John, concorrendo a Melhor Canção por Never Too Late (do documentário Elton John: Never Too Late), também adiciona um ícone da comunidade aos indicados. Além disso, o longa Conclave, também contem elementos que o colocariam no espectro da sigla LGBTQIA+.


Memórias de um Caracol
A narrativa delicada e introspectiva de Adam Elliot, em Memórias de um Caracol, permeada por uma estética peculiar, tece uma teia de temas queer, como a não conformidade de gênero, a busca por identidade e a construção de comunidades de apoio fora das normas heterocentradas. A indicação ao Oscar de Melhor Animação, além de reconhecer a excelência técnica e artística da obra, ressalta a importância de narrativas que desafiam as expectativas e celebram a diversidade das experiências humanas, abrindo espaço para diálogos profundos sobre identidade e aceitação.


Wicked
A adaptação cinematográfica de "Wicked" carrega consigo a expectativa de ampliar a representatividade queer no cinema mainstream. O musical da Broadway já é celebrado por suas personagens complexas e pela subversão de estereótipos, elementos que podem ser intensificados na versão para as telas. A relação entre Elphaba e Glinda, por exemplo, frequentemente interpretada como uma amizade profunda com nuances românticas, tem potencial para ressoar com o público LGBTQIA+. Além disso o elenco, além das protagonistas Cynthia Erivo e Ariana Grandes, dois ícones queer, conta com Bowen Yang e Jonathan Bailey.

Ausências
Filmes como Queer e Rivais, ambos de Luca Guadagnino, que tinham grande expectativa por sua abordagem explícita da sexualidade e identidade queer, não receberam nenhuma indicação, gerando frustração. Da mesma forma, o documentário Will & Harper, que acompanha a jornada de amizade entre Will Ferrell e Harper Steele após a transição de gênero desta última, foi apontado como um dos grandes esquecidos da temporada, apesar de seu impacto emocional e relevância cultural. 

Concluindo

Às vésperas da cerimônia, a representatividade queer no Oscar 2025 é um reflexo de conquistas históricas, como as indicações de Gascón, Domingo e Erivo, e de um caminho ainda em construção. O cinema, como espelho da sociedade, continua a desafiar preconceitos e celebrar identidades, mas o silêncio sobre certas obras lembra que a inclusão total permanece um horizonte a ser alcançado. No domingo, o mundo assistirá não apenas à entrega das estatuetas, os brasileiros torcerão por Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui, e mais um capítulo dessa evolução poderá ser escrito.



Design by @ollygibbs

Nenhum comentário:

Postar um comentário