quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Reír, Cantar, Tal vez Llorar (Espanha, 2024)

Marc Ferrer, conhecido por sua abordagem despretensiosa e irreverente, como em seu giallo queer ¡Corten!, apresenta com "Reír, Cantar, Tal vez Llorar" uma mistura única de comédia, melodrama e elementos musicais, inspirada em mestres como Fassbinder, Almodóvar, John Waters e Kaurismäki. O filme é uma celebração do amor na sua forma mais descomplicada e verdadeira, mas também um olhar crítico sobre a vida nos margens da sociedade contemporânea.

A história gira em torno de Toñi, uma mulher trans de meia-idade, e Lahcen, um jovem imigrante marroquino, que se conhecem e apaixonam em meio ao ambiente vibrante e caótico do bairro de Poble Sec, em Barcelona. O enredo é uma reimaginação moderna e maluca de "O Medo Devora a Alma” de Rainer Werner Fassbinder, onde a comédia e o drama se entrelaçam para explorar temas como identidade, imigração, e a luta por aceitação em uma sociedade muitas vezes hostil.


Toñi Vargas e Lahcen Ouchad trazem uma atmosfera cativante ao filme. Vargas, com sua presença magnética, oferece uma performance que combina humor e vulnerabilidade, enquanto Ouchad encarna a inocência e a luta de um jovem tentando encontrar seu lugar em uma nova terra. 


Ferrer opta por uma estética cinematográfica que abraça seu baixo orçamento transformando-o em parte integrante da arte do filme. A fotografia é simples mas eficaz, capturando a essência dos espaços urbanos onde se desenrola a história. 


A música, composta e interpretada por Adrià Arbona, é um elemento chave que dá título ao filme. As canções são integradas à narrativa de forma natural, funcionando tanto como alívio cômico quanto como veículo emocional, ampliando o impacto das cenas musicais sem sobrecarregar a simplicidade da trama.


Ferrer lida com a temática de maneira que transcende uma crítica social. O filme é uma ode ao amor incondicional e ao humor como forma de resistência, embora ocasionalmente  possa parecer um pouco desarticulado na tentativa de equilibrar seus vários tons. 


"Reír, Cantar, Tal vez Llorar" é um filme independente com sangue espanhol nas veias.  Mesmo com seus momentos mais frágeis e uma produção modesta, o longa é um trabalho digno de atenção pela sua honestidade, humor e coração.



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