O filme se debruça sobre a vida de Shelley, explorando temas como envelhecimento, reinvenção pessoal, e as complexidades das relações familiares. A história é tecida com um olhar melancólico e introspectivo, focando na luta de Shelley para encontrar seu lugar fora do brilho dos palcos. A direção de Coppola é íntima e sensível, captando a essência de uma mulher cuja identidade está profundamente ligada à sua profissão.
Pamela Anderson entrega uma performance que tem sido amplamente elogiada, a mais exigente e complexa de sua carreira. Ela traz uma fragilidade e uma intensidade emocional que ressoam profundamente com o público, especialmente nas cenas em que enfrenta o fim de sua carreira e a tentativa de reparar o relacionamento com sua filha, vivida por Kiernan Shipka.
Jamie Lee Curtis também tem um desempenho marcante como Annette, a melhor amiga de Shelley e ex-dançarina, trazendo uma mistura de humor e seriedade que complementa o tom do filme. Dave Bautista, como o diretor de palco Eddie, adiciona uma dimensão de realismo e tensão que contrasta com a fantasia do mundo do showbiz.
Visualmente, o filme é um tributo ao glamour e à decadência de Las Vegas, com a fotografia em 16mm proporcionando uma textura rica e uma paleta de cores que evocam nostalgia, até mesmo à "Showgirls(1996)", de Paul Verhoeven. A escolha de usar figurinos reais do show "Jubilee!" adiciona verossimilhança. E a trilha sonora de Andrew Wyatt, com a música de Miley Cyrus e Lyke Li, e mais alguns hits, complementam bem a atmosfera, e garantem momentos de emoção narrativa.
"The Last Showgirl" pode ser visto como um filme sobre a humanidade por trás do glamour, uma história de resiliência e a busca por significado numa vida que se baseou em um único propósito. Ele desafia o espectador a refletir sobre o que define uma pessoa quando suas capacidades físicas ou profissionais declinam.
Um aspecto queer marcante é a exploração da identidade e do desempenho de gênero dentro do contexto do mundo do showbiz de Las Vegas. A personagem de Brenda Song, por exemplo, é uma dançarina que navega através das expectativas de gênero com uma fluidez que reflete a diversidade das identidades queer. Suas interações com Shelley proporcionam momentos de reconhecimento mútuo e sororidade, destacando como o palco pode ser um espaço de liberdade e expressão onde as fronteiras de gênero são constantemente desafiadas e redefinidas.
Melancólico, o filme é um estudo de personagem que, ao mesmo tempo que homenageia a classe trabalhadora de Las Vegas, também serve como um lembrete da fragilidade e força da natureza humana.
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