quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

The Last Showgirl (EUA, 2024)

"The Last Showgirl" de Gia Coppola, com roteiro de Kate Gersten, baseado na peça nunca produzida "Body of Work" apresenta Pamela Anderson no papel principal como Shelley, uma veterana dançarina de Las Vegas que, após três décadas no palco, enfrenta o inesperado encerramento de seu show e a necessidade de planejar um futuro incerto. 

O filme se debruça sobre a vida de Shelley, explorando temas como envelhecimento, reinvenção pessoal, e as complexidades das relações familiares. A história é tecida com um olhar melancólico e introspectivo, focando na luta de Shelley para encontrar seu lugar fora do brilho dos palcos. A direção de Coppola é íntima e sensível, captando a essência de uma mulher cuja identidade está profundamente ligada à sua profissão.


Pamela Anderson entrega uma performance que tem sido amplamente elogiada, a mais exigente e complexa de sua carreira. Ela traz uma fragilidade e uma intensidade emocional que ressoam profundamente com o público, especialmente nas cenas em que enfrenta o fim de sua carreira e a tentativa de reparar o relacionamento com sua filha, vivida por Kiernan Shipka.


Jamie Lee Curtis também tem um desempenho marcante como Annette, a melhor amiga de Shelley e ex-dançarina, trazendo uma mistura de humor e seriedade que complementa o tom do filme. Dave Bautista, como o diretor de palco Eddie, adiciona uma dimensão de realismo e tensão que contrasta com a fantasia do mundo do showbiz. 



Visualmente, o filme é um tributo ao glamour e à decadência de Las Vegas, com a fotografia em 16mm proporcionando uma textura rica e uma paleta de cores que evocam nostalgia, até mesmo à "Showgirls(1996)", de Paul Verhoeven. A escolha de usar figurinos reais do show "Jubilee!" adiciona verossimilhança. E a trilha sonora de Andrew Wyatt, com a música de Miley Cyrus e Lyke Li, e mais alguns hits, complementam bem a atmosfera, e garantem momentos de emoção narrativa.


"The Last Showgirl" pode ser visto como um filme sobre a humanidade por trás do glamour, uma história de resiliência e a busca por significado numa vida que se baseou em um único propósito. Ele desafia o espectador a refletir sobre o que define uma pessoa quando suas capacidades físicas ou profissionais declinam. 


Um aspecto queer marcante é a exploração da identidade e do desempenho de gênero dentro do contexto do mundo do showbiz de Las Vegas. A personagem de Brenda Song, por exemplo, é uma dançarina que navega através das expectativas de gênero com uma fluidez que reflete a diversidade das identidades queer. Suas interações com Shelley proporcionam momentos de reconhecimento mútuo e sororidade, destacando como o palco pode ser um espaço de liberdade e expressão onde as fronteiras de gênero são constantemente desafiadas e redefinidas.


Melancólico, o filme é um estudo de personagem que, ao mesmo tempo que homenageia a classe trabalhadora de Las Vegas, também serve como um lembrete da fragilidade e força da natureza humana. 



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