"O Clube das Mulheres de Negócios" é uma incursão ousada da diretora Anna Muylaert em uma sátira social que inverte os papeis de gênero para questionar a estrutura do poder patriarcal. Com um elenco feminino estelar, incluindo nomes como Irene Ravache, Cristina Pereira, e Grace Gianoukas, o longa explora temas complexos através de uma lente de comédia absurda e um pouco de horror.
A trama nos transporta para um universo onde as mulheres ocupam posições de poder, relegando os homens a papeis socialmente submissos, uma inversão que serve tanto para provocar riso quanto para instigar reflexão.
A história se desenrola em um clube de campo luxuoso onde uma reunião de negócios entre mulheres poderosas é interrompida por um jovem jornalista, Candinho (Rafael Vitti), e seu amigo Jongo (Luís Miranda), que chegam para uma entrevista. A dinâmica desse encontro revela as contradições e hipocrisias da sociedade, ao mesmo tempo que uma série de eventos bizarros, incluindo onças soltas e orgias, empurra a narrativa para o território da fantasia.
Muylaert utiliza essa premissa para criticar não apenas o patriarcado, mas todas as formas de poder que se perpetuam através de estruturas sociais injustas. No entanto, a execução do filme é um ponto de debate. A transição entre a comédia e o horror, embora inovadora, às vezes parece abrupta ou desbalanceada, o que pode afetar a fluidez da narrativa. As caricaturas dos personagens femininos, enquanto propositalmente exageradas para efeito satírico, correm o risco de reforçar estereótipos ao invés de subvertê-los completamente.
Visualmente, o filme é uma mistura de luxo e caos, com a direção de arte captando bem a dicotomia entre a opulência do clube e a selvageria que se instala. Os efeitos visuais das onças, embora não perfeitos, adicionam um elemento mágico que reforça a sensação de um mundo onde as leis naturais e sociais estão invertidas.
O Clube das Mulheres de Negócios" ousa provocar e questionar, mas nem sempre consegue equilibrar suas intenções com a execução. Muylaert continua a demonstrar seu talento para abordar temas espinhosos com um toque de humor e crítica social, mesmo que não atinja a perfeição em todos os aspectos.
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