"Alegria do Amor" é o segundo longa-metragem da diretora Márcia Paraíso, que já havia se destacado com "Lua em Sagitário". Ambientado entre um quilombo no sertão do Ceará e a metrópole de São Paulo, o filme aborda temas profundos como resistência, identidade, e justiça social, tudo isso misturando drama e denúncia.
A história começa em uma comunidade remanescente de quilombo, onde a protagonista Dulce(Renata Gaspar), é uma ex-noviça e professora de alfabetização. O conflito central surge quando a empresa mineradora, interessada na exploração de minério, assassina Davi (Márcio de Paula), o companheiro de Dulce e líder local. Este ato brutal leva Dulce a fugir para São Paulo, onde tenta dar visibilidade à violência perpetrada contra seu povo.
O filme não só retrata a luta contra a exploração capitalista e a destruição ambiental mas também aborda questões de identidade e gênero ao introduzir o personagem de Marisa (Wallie Ruy), a irmã trans de Dulce, dona de um karaokê que serve como refúgio para a comunidade LGBTQIAP+.
A direção de Paraíso é sensível em retratar a cultura quilombola e a vida urbana de São Paulo, criando um contraste que reflete as dualidades da vida de Dulce. A fotografia, assinada por Anderson Capuano, captura a beleza austera do sertão e a frenética São Paulo, contribuindo para a atmosfera do filme. A atuação de Renata Gaspar como Dulce é o ponto alto do filme, trazendo uma profundidade emocional que sustenta a narrativa.
"Alegria do Amor" educa sobre as violações contra comunidades quilombolas e indígenas no Brasil, ampliando a discussão sobre direitos humanos e territoriais. A inclusão de uma equipe técnica majoritariamente LGBTQIAP+ é um ponto positivo, refletindo a diversidade e a inclusão que o filme prega.
Márcia Paraíso consegue com "Alegria do Amor" não só contar uma história envolvente mas também destacar questões sociais urgentes. O filme, embora às vezes tropece na estrutura narrativa ao tentar amarrar muitos fios, é um retrato poderoso da resistência cultural e pessoal.
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