sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Plainclothes (EUA, 2025)

O diretor Carmen Emmi adentra os banheirões de shopping, na década de 1990, apenas para colocar Lucas (Tom Blyth), um policial infiltrado, em conflito com sua identidade. Ele deve atrair homens que serão pegos em flagrante por atentado ao pudor. Ambientado em Syracuse, em 1997, o filme revira as memórias do próprio diretor e ressoa muito atual na América de hoje.

A operação toma um rumo inesperado quando Lucas usando o nome de seu falecido pai, Gus, se apaixona por um dos seus alvos, Andrew (Russell Tovey).Emmi aborda com sensibilidade a repressão social e a identidade sexual, utilizando a história de Lucas para explorar temas como vergonha, ansiedade, e o conflito interno de assumir a própria sexualidade em um contexto repressivo.

Mas Andrew, assim como Lucas também não está isento de segredos, ele que no início se apresenta como um homem casado, se entrega com reservas para uma paixão que irá arrebatar mais a Lucas. Tudo é ilustrado com cenas lindas, que talvez demorem um pouco a acontecer, mas são tão bem filmadas que não exigem pressa e nunca caem num viés apelativo.

A direção de Emmi é notada por sua inventividade visual. Com o diretor de fotografia Ethan Palmer, ele utiliza uma combinação de formatos digitais contemporâneos com imagens de vigilância de baixa qualidade, vídeos caseiros e filmagens em Hi8 para criar uma atmosfera que reflete a ansiedade e a desordem mental do protagonista. A escolha do formato 4:3 e a mistura de diferentes tipos de mídia são estratégias visuais que evocam o período em que o filme é ambientado e intensificam as emoções retratadas.


Tom Blyth entrega uma atuação marcante como Lucas,  retratando a complexidade de um homem lutando com sua identidade em múltiplos níveis - profissional, familiar e pessoal. Russell Tovey, em um de seus melhores papeis no cinema, complementa bem, trazendo uma dinâmica de desejo e conexão que é tanto perigosa quanto libertadora. 


"Plainclothes" oferece uma visão poderosa e esteticamente rica sobre repressão, identidade e amor. Carmen Emmi faz uma estreia promissora, demonstrando uma capacidade de contar uma história pessoal e universal. Com performances sólidas, direção visual ousada e uma abordagem temática madura, o longa é uma adição significativa aos filmes que exploram a humanidade em suas formas mais vulneráveis.



Nenhum comentário:

Postar um comentário