Sam Riley, que viveu Ian Curtis, em "Control (2007)", interpreta John Cranko,numa performance complexa entre a genialidade e as lutas internas do personagem. Joachim Lang, que já havia realizado um documentário sobre o artista, demonstra uma clara paixão pelo tema, mas sua direção é um tanto desigual.
A homossexualidade de John Cranko é retratada como um elemento central de sua vida e carreira. Chegando em Stuttgart em 1960, após enfrentar perseguições e um banimento profissional em Londres devido à sua orientação sexual, Cranko encontra uma nova oportunidade para se expressar artisticamente.
O filme explora como ele foi recebido com uma certa tolerância na Alemanha, permitindo-lhe focar em sua arte e liderar o Stuttgarter Ballett para um reconhecimento internacional. Entretanto, sua vida pessoal é marcada por solidão, crises pessoais e uma busca constante por amor e aceitação, refletindo as lutas e desafios que muitos artistas homossexuais enfrentavam naquela época.
As cenas de dança são coreografadas de maneira que não apenas reproduzem os movimentos característicos das obras de Cranko, mas também contam sua história pessoal e artística. Elas são filmadas com uma sensibilidade que equilibra a beleza técnica com a humanidade dos personagens, destacando não só o talento de Cranko, mas também sua vulnerabilidade e complexidade.
A bailarina brasileira, Márcia Haidée é retratada no filme com uma profundidade que reflete sua influência e importância na carreira de Cranko. Interpretada pela espanhola Elisa Badenes, Haidée é mostrada não apenas como a musa e principal intérprete das obras de Cranko, mas também como uma figura de força e inspiração.
O filme relata o relacionamento profissional e pessoal entre Cranko e Haidée, evidenciando como a bailarina brasileira moldou e foi moldada pelas criações do coreógrafo. Através de Haidée, o filme explora temas de colaboração artística, sacrifício e a busca pela perfeição.
"Cranko" não é perfeito, mas oferece momentos de grande beleza e performances de dança excepcionais. No entanto, sua tentativa de ser mais do que uma biopic pode ter diluído a mensagem central sobre quem foi John Cranko, desde o princípio, e por que ele foi uma figura tão reverenciada no mundo do ballet. É recomendado assistir ao documentário antes.
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