"Prime Target", a minissérie de suspense de Steve Thompson, para Apple TV+, chega com a promessa de um enredo tecnológico tenso e cerebral, mas também carrega o peso de expectativas modernas quanto à representatividade. Em um gênero dominado por narrativas heteronormativas, a série tenta inserir personagens e temas queer em seu núcleo, uma escolha que reflete o momento cultural da indústria. No entanto, enquanto acende uma faísca promissora de inclusão, a atração hesita em deixá-la incendiar-se completamente.
Estrelada por Leo Woodall como Edward Brooks, um matemático genial, e com Fra Fee, em um papel coadjuvante marcante como Adam, um bartender com segredos, a série mergulha em uma conspiração global envolvendo matemática, espionagem e traição. Produzida com o selo de qualidade de Ridley Scott e uma estética impecável, "Prime Target" tem momentos de brilho, mas também escorrega em sua ambição, deixando o espectador dividido entre fascínio e frustração.
A trama segue Edward Brooks, um pós-graduando em matemática da Universidade de Cambridge, obcecado por encontrar um padrão nos números primos que poderia desbloquear todos os sistemas digitais do mundo. Quando sua pesquisa atrai a atenção de forças obscuras, ele se vê caçado por aqueles que querem destruir ou apropriar-se de sua descoberta. Ao seu lado está Taylah Sanders (Quintessa Swindell), uma agente da NSA que transita entre aliada e observadora.
A série se inspira em referências como "Uma Mente Brilhante" e "Identidade Bourne", combinando o cerebral com o visceral. A direção de Brady Hood e a produção executiva de Ridley Scott garantem um visual elegante, com cenas em Cambridge e locações internacionais que transpiram sofisticação.
Leo Woodall, após conquistar corações em "The White Lotus", assume um papel desafiador como Edward, um protagonista neurodivergente (sugerido, mas nunca explicitado) que vive para sua pesquisa. Woodall traz uma intensidade contida ao personagem, com maneirismos sutis — como escrever equações freneticamente em cadernos. que transmitem sua obsessão. A escolha de torná-lo queer, com uma relação casual com Adam, é um toque refrescante.
A representatividade queer, ainda que limitada, é um bônus. Edward e Adam formam um contraponto bem-vindo à heteronormatividade típica do gênero, e a decisão de não fazer da sexualidade de Edward um plot central é acertada, alinhando-se a uma narrativa moderna e descomplicada.
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