terça-feira, 25 de novembro de 2025

I Wish You All The Best (EUA, 2024)

O coming-of-age “I Wish You All the Best” posiciona uma personagem não binária no centro da narrativa com atenção, cuidado e clareza emocional. A estreia de Tommy Dorfman, conhecida por “13 Reasons Why” na direção, também assinando o roteiro, adaptado do best-seller de Mason Deaver, mostra uma artista comprometida com histórias que exploram afetos queer sem reduzi-los a violência ou dor.

O percurso de Ben DeBacker, interpretade por Corey Fogelmanis, ganha força justamente por compreender que identidade de gênero não deve ser tratada como dispositivo dramático, mas como dimensão integral da experiência de um adolescente que precisa reconstruir seus vínculos. A expulsão de casa pelos pais conservadores estabelece o ponto de partida, embora o filme rapidamente desloque o foco para a reconstrução afetiva que se estabelece ao lado de Hannah (Alexandra Daddario) e Thomas (Cole Sprouse). A casa da irmã torna-se o ambiente no qual Ben encontra espaço para reorganizar a própria vida.


A chegada a uma nova escola expande esse universo de acolhimento, permitindo que a convivência com Nathan (iles Gutierrez-Riley) ofereça ao filme um romantismo leve e carismático. A dinâmica entre Ben e Nathan devolve o frescor ao desgaste do gênero coming-of-age, rejeitando categorizações simplistas e investindo em trocas verdadeiras, permeadas por humor, cumplicidade e descobertas. A presença de Lena Dunham como a professora Ms. Lyons adiciona um toque de excentricidade.


Entre Lykke Li e Indigo Girls, a direção de Tommy Dorfman se destaca pela atenção às expressões, aos pequenos gestos e à construção de segurança emocional entre os personagens. A diretora reconhece que histórias queer merecem camadas diversas e não apenas retrabalhos de angústias. O longa opta por uma sensibilidade que valoriza a intimidade e realça a jornada de Ben com nuances que fogem de soluções fáceis, reafirmando a centralidade do afeto e da autenticidade nas trajetórias LGBTQIA +.


A escolha de evidenciar a alegria queer insere o filme em uma tendência contemporânea que busca romper com estigmas históricos do tropo bury your gays. "I Wish You All the Best" não ignora desafios sociais, porém prefere enfatizar possibilidades, indicando caminhos de convivência e empatia.

O resultado configura não apenas uma adaptação literária bem-sucedida, mas um gesto político e afetivo que amplia horizontes dentro do cinema sobre a juventude. A história de Ben aponta para um imaginário mais generoso, sustentado por encontros que fortalecem identidades e reafirmam a potência das redes afetivas.

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