Com 8 mulheres, o realizador francês François Ozon criou um colorido suspense musical à la Agatha Christie. Oito mulheres estão isoladas em uma casa coberta de neve, há um cadáver com uma faca nas costas e todas são suspeitas em potencial. O elenco é uma lista de lendas francesas: Fanny Ardant, Emmanuelle Beart, Danielle Darrieux, Catherine Deneuve, Isabelle Huppert, Virginie Ledoyen, Firmine Richard e Ludivine Sagnier.
Desde a cena de abertura, o filme nos mostra alegremente que é uma paródia de superproduções musicais de Hollywood. Passamos pela neve e encontramos uma casa de campo charmosa onde os hóspedes estão chegando. Oito mulheres se reuniram para celebrar o Natal com Marcel, que é marido de Gaby (Deneuve), genro de Mamy (Darrieux), cunhado de tia Augustine (Huppert), pai de Catherine ( Sagnier) e Suzon (Ledoyen), patrão das domésticas Madame Chanel (Richard) e Louise (Beart), e irmão de Pierrette (Ardant).
‘Monsieur morreu em sua cama com uma faca nas costas’ comunica a criada. As mulheres absorvem a notícia vestidas de maneira deslumbrante com roupas de grife (até as empregadas parecem chiques) e distribuídas ao redor de uma sala grande e ensolarada como um cenário. Apenas algumas incursões no andar de cima impedem que o filme se desenrole inteiramente neste ambiente luminoso.
O filme é tão alegre que não ficamos surpresos se seu enredo não leva a sério o assassinato. É uma desculpa elaborada para nos divertirmos com seu elenco, relembrar o jogo Detetive, e presenciar Catherine Deneuve e Fanny Ardant rolando no chão puxando os cabelos uma da outra, antes de um beijo apaixonado.
Os outros personagens rapidamente se enquadram nos padrões aprovados de Agatha Christie. A jovem Suzon se autodenomina Sherlock Holmes e começa a farejar as pistas. A sexy Louise é consagrada como amante do falecido Marcel. Madame Chanel, da África, está com a família há anos e mora na casa de hóspedes, onde, com o passar do tempo, costuma jogar cartas com Pierrette. E a própria Pierrette, que chega atrasada, com o tipo de entrada triunfal, que só Fanny Ardant poderia fazer, guarda segredos tão espantosos quanto inevitáveis.
Revelar mais detalhes da obra seria entregar importantes fragmentos que desenrolam a narrativa. Mas é incrível a capacidade de Ozon de se reinventar, e realizar após o melancólico Sob a Areia(2001), uma obra tão vivaz, sensual onde não há segredo que seja mais atrativo do que uma reviravolta musical.
Resenha do Eduardo, filme do François Ozon
ResponderExcluirGanhei meu dia
Muito bom o texto
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