Mais de uma década depois que a AIDS foi identificada como uma doença, Filadélfia marca a primeira vez que Hollywood arriscou um filme de grande orçamento sobre o assunto. É claro, que antes disso documentários e filmes como Meu querido companheiro(1989) já haviam sido feitos, mas o longa de Jonathan Demme, confia na fórmula segura do drama de tribunal para explorar o tema, mais do que necessário.
A cena de abertura, ao som de Streets of Philadelphia, na voz de Bruce Springsteen, dá o tom do que viria a seguir. Somos apresentados a Andrew Becket, Tom Hanks garantindo um Oscar, um advogado brilhante prestes a ser promovido na empresa, porém quando seu superior nota nele sarcomas, que são manchas na pele, arruma uma desculpa para o demitir.
Beckett suspeita que está sendo despedido por estar doente. E ele está correto. O personagem decide tomar uma posição e processar o escritório de advocacia. Mas sua antiga firma é tão poderosa que nenhum advogado na Filadélfia quer aceitá-la, até que Beckett finalmente vai em desespero até Joe Miller (Denzel Washington), um daqueles advogados que anuncia na TV, prometendo salvar sua carteira de motorista.
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Miller claramente não gosta de homossexuais, mas concorda em aceitar o caso, principalmente pelo dinheiro e exposição. O roteiro, de Ron Nyswaner, trabalha sutilmente para evitar os clichês comuns do tribunal. Mesmo enquanto o caso está progredindo, o centro de gravidade do filme muda do julgamento para o progresso da doença de Beckett, e conhecemos brevemente seu amante, Antonio Banderas recém saído dos filmes do Almodóvar, e sua família, principalmente sua mãe (Joanne Woodward), cujo papel é pequeno mas fornece momentos poderosos ao filme.
Em algum instante o personagem de Washington vai perceber que seus preconceitos contra os homossexuais são errados; ele poderá ver o personagem de Hanks como um ser humano digno de afeto e respeito. Essas mudanças emocionais são obrigatórias e chegam a lembrar o clássico Adivinhe quem vem para jantar(1969), que tratava de racismo. Enquanto Beckett cantarola uma de suas árias operísticas favoritas, Miller o observa com admiração e vê em Beckett, um homem que só quer viver, apesar da vida estar se esvaindo de seu corpo.
Filadélfia é um grande filme, e acima disso, é de extrema relevância por trazer à Hollywood um retrato da AIDS, a perseguição e as injustiças cometidas aos homossexuais. O longa foi um primeiro, porém enorme passo, para a indústria cinematográfica apresentar ao público o temido drama do HIV.
Parabéns, gostei do seu resumo
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