quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Meninos não choram(Boys don't cry, EUA, 1999)



Quando o documentário A história de Brandon Teena foi lançado e 1998, chocou a sociedade com um caso extremo de transfobia e crueldade contra homossexuais. Um ano depois, a história seria contada no longa Meninos não choram, que rendeu um Oscar à Hillary Swank por interpretar um transgênero.

Tudo começa em 1993, em Nebraska. Brandon, de 19 anos, diz ao amigo gay que não é sapatão e sim um homem de verdade. Ele faz sucesso com as mulheres, e se envolve em brigas típicas masculinas. Logo percebemos que não se trata de uma lésbica e sim de um homem trans, embora muitas pessoas tenham dificuldades em diferenciar isso.


Uma noite motivado por John, Peter Sarsgaard, ele vai até uma festa em Falls City, onde acaba se instalando por um tempo. Lá encontra o acolhimento de Candance, e conhece Lana, personagem da sempre alternativa Cloé Sevigny.


A cena em que Brandon enfaixa os peitos e coloca um volume no saco, ilustra bem o desconforto, que pessoas trans que ainda não estão na fase transição enfrentam com os seus corpos e é bastante emblemática!

Aos poucos Brandon vai se adaptando àquele mundo marginalizado, cria cumplicidade e vínculos com John, Candance, mas principalmente com Lana, com quem protagoniza beijos absolutamente delicados e cenas de sexo imersivas.


Com complicações na justiça, a identidade de Brandon é revelada, ela vai para a cadeia e têm seu nome e sexo expostos. Lana não se importa, afinal está apaixonada pela pessoa que Brandon é, e não pelo que ele possui no meio das pernas.

No ponto do filme quando Brandon é solto e corre com Lana pelas ruas, toca a icônica  Boys don’t cry do The Cure, música que dá título ao filme. É certamente a sequência mais libertadora e feliz do personagem.


Recebido com hostilidade, repulsa e transfobia por John e sua turma, Brandon passa por momentos de pura violência. Tem sua genitália exposta e consequentemente será espancado e estuprado em cenas cruas, chocantes e revoltantes.


Ao levar o caso para justiça, Brandon é assassinado em um violento massacre. Sua história que havia chocado a América, revoltou agora o mundo que não pode mais ser permissivo com casos como esses de transfobia e  intolerância.


O filme que marcou a estreia da diretora Kimberly Pearce, que mais tarde dirigiu o remake de Carrie, a Estranha, é um grito de socorro da comunidade LGBTQIA+, que ainda hoje segue passando tipos de situação assim. É um retrato trágico de um personagem da vida real, que é brilhantemente e convincentemente interpretada por Swank.

Nenhum comentário:

Postar um comentário