sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A Primeira Morte de Joana(Brasil, 2021)

É verão de 2007, em uma praia no sul do país. Joana (Letícia Kacperski), de 13 anos, sabe que os adultos nem sempre têm as respostas para suas perguntas. Quando sua tia-avó morre e familiares e amigos começam a compartilhar suas memórias dela, Joana começa a pensar nela de uma nova maneira, Um detalhe dessa vida a confunde: por que sua tia-avó nunca se casou ou namorou? Sua decisão de investigar a levará a lugares inesperados.

A diretora Cristiane Oliveira criou algo ao mesmo tempo sutil e expansivo. Joana não é detetive a tempo inteiro - ainda tem de ir à escola, fazer as suas tarefas e lidar com todas as complicações do crescimento. Sua melhor amiga, Carolina (Isabela Bressane), que sofre bullying na escola por ser lésbica,  brinca com ela sobre sua busca, dizendo que ela não tem coragem de ser uma investigadora quando ela nem mesmo vai andar de bicicleta até os moinhos de vento no horizonte. 


Há muito sobre o que é socialmente permitido no mundo masculino e feminino. Com a consciência das interações sociais se desenvolvendo rapidamente em resposta às mudanças em sua vida familiar, Joana é gradualmente capaz de entender as restrições em que vive. Sua mãe desaprova que ela passe um tempo com Carolina. Outros fofocam. O que está se desenvolvendo entre as meninas é óbvio para todos, menos para Joana.


Premiada no Festival de Gramado, a cinematografia de Bruno Polidoro, ressalta as paisagens do litoral gaúcho e garante ao filme uma qualidade arejada que aumenta a sensação de possibilidade mesmo no pequeno mundo de Joana. Os moinhos de vento, o mar, as algas e a estrada são lembretes constantes de que há mais além do horizonte, esperando que ela estenda a imaginação.


Joana é interessante porque ela não é precoce, não é uma líder e não é a maior investigadora do mundo, mas uma garota comum que passamos a valorizar conforme ela aprende a se valorizar. Sua narrativa ganha vida quando ela imagina a de sua tia-avó e reconhece que há coisas que nunca é possível saber. De uma maneira ou outra, a vida sempre encontra um caminho.


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