Em seu segundo longa-metragem, codirigido por Hsu Chien Hein, Miguel Falabella conseguiu um fato inusitado: reunir a outrora musa de Almodóvar, Carmen Maura com o notável talento brasileiro de Dira Paes. Veneza, baseado na peça de Jorge Accame, se passa em algum lugar no interior do Brasil, onde a atriz espanhola interpreta Gringa, a debilitada dona de um Bordel, que sonha em ir à cidade italiana encontrar o único homem que já amou, Giácomo (Magno Bandarz).
Tonho(Eduardo Moscovis) e Rita(Dira Paes) controlam o prostíbulo com mãos de ferro. A partir do momento em que o personagem leva uma jukebox para o estabelecimento, percebemos uma luz onírica se aproximando.
Em meio a um surto da Gringa, Tonho e Rita prometem levá-la até Veneza, porém precisarão contar com a ajuda das prostitutas Jerusa (Danielle Winits), que representa uma mulher resistente, em constante negação, e Madalena(Carol Castro).
A propósito de Madalena, ela protagoniza o romance fluído do filme. Júlio (Cario Manhente) sofre com o amor que sente pelo sexo oposto, sempre pedindo para se vestir como mulher na hora da relação. Sonhadora, a personagem vê no garoto, uma oportunidade para sair dali e viver em São Paulo.
Com Veneza, Miguel Falabella encanta o público em uma locomotiva de sonhos. O ambiente circense entra em cena, para trazer uma série de pequenos arcos, além de momentos decisivos para o desfecho, sensível da Gringa.
Veneza consegue emocionar , comover e irradiar luz em tempos sombrios, ainda que toque em temas mais pesados como violência contra mulher, homofobia e misoginia. Falabella encontra uma forma muito particular de trazer otimismo e esperança, com lirismo e muita licença poética para narrar sua história.
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