terça-feira, 16 de novembro de 2021

Desaprender a Dormir (Brasil, 2021)

Provocativo, audacioso e absurdo. Desaprender a Dormir, de Gustavo Vinagre, começa com Hypnos(Carlos Escher) alertando para os distúrbios do sono: “Dormir ao invés de carregar as baterias, porque dormir é muito mais”, o início é um prelúdio da viagem lisérgica que começaremos a presenciar.

Flertando com o universo Underground e HARDCORE, do cineasta canadense Bruce laBruce, Vinagre conta a história de um casal, formado por Flávio, interpretado pelo próprio diretor e José(Caetano Gotardo). Enquanto um, perde o apetite sexual por editar filmes pornôs gays o outro investiga possibilidades de vida em Marte. A relação de ambos discute o limite de prazer X trabalho.


Um voluptuoso pênis aparece em cena e mostra que José está carente de sexo. Ele se aventura pelo Grindr e começa a marcar encontros com garotos, sempre interpretados por Rafael Rudolf, que também assina a fotografia, além de protagonizar intensas cenas de homoerotismo e sexo explícito.


Com uma magnética estranheza e uma poética melancolia, o filme também não nos poupa de momentos escatológicos e absolutamente sexualizados. Como quando há uma conversa, online, sobre a higienização de Dildos.


“Vai trabalhar bee”, diz uma das clientes de Hypnos, em referência ao hino Work Bitch, de Britney Spears, antes de pegar no sono. Parece que o influencer tem realmente o poder da cura para a insônia, já que também auxilia dois Camboys, com seus pesadelos recorrentes de monetização, um deles interpretado por Fábio Leal, que codirige Deus Tem AIDS(2021), ao lado de Gustavo Vinagre.


Fetichista, sexual e grotesco, o filme explora os desejos homoeróticos de Flávio e José através de metáforas, que são muitas vezes autoexplicativas e há uma evidente crítica social. Certamente não é um filme para qualquer estômago, porém há de encontrar um público disposto a embarcar nesse imersivo e libidinoso sci-fi.




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