sábado, 20 de fevereiro de 2021

Transamazônia(Brasil, 2019)


Quando a BR 230, também conhecida como Transamazônica, foi fundada, no início dos anos 1970, havia uma esperança de progresso, como mostra no filme de 1974, Iracema, uma Transa Amazônica. Mas esse desenvolvimento nunca chegou e os que ali vivem estão não só às margens da rodovia, mas também da sociedade.

O filme de Débora MacDowell, Bea Morbach com a ativista trans Renata Taylor, entrelaça os olhares e perspectivas de duas mulheres transgênero, Melissa e Marcelly, que vivem em opostos da Transamazônica, Labreá, no Amazonas e Marabú, no Pará.

A realidade das duas transexuais é narrada com muita naturalidade, enquanto Melissa está desempregada, Marcelly faz faculdade de direito e sonha em ser artista, preparando o lançamento de seu primeiro videoclipe.

Um retrato do Brasil de tantas cores e contrastes que evoca as memórias do subdesenvolvimento para nos apresentar pessoas que são culturalmente muito diferentes entre si ao mesmo tempo que conectadas por uma identidade de gênero.Enquanto Marcelly fala de Black Mirror da Netflix, Melissa reverencia Paola Bracho, da novela mexicana A Usurpadora.

Em determinado momento, Renata Taylor, entra em cena para falar como representante do ANTRA sobre assuntos urgentes como direitos humanos, transfobia e a terrível realidade do Brasil ser o país que mais mata pessoas LGBTQIA+.

Nas rodas de discussão entre os amigos queer de Marcelly, está a novela A Força, do Querer de Glória Perez, que apresentou um personagem transgênero em processo de transição em horário nobre.

A câmera na mão das duas protagonistas também lhes dá liberdade com uma visão mais aberta e conceitual sobre seu cotidiano que mostrado num documentário vai acontecendo de maneira natural, fluida e realista transmitindo uma mensagem de existência e resistência.


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