It’s a Sin, série britânica do Channel 4 e distribuída internacionalmente pela HBO MAX, sobre a AIDS na Inglaterra, é brilhante, dolorosa e necessária. A produção, chega num momento muito oportuno. Em meio a uma pandemia que não escolhe sexo, classe ou religião é sempre bom relembrar um vírus que estigmatizou e vitimou a população LGBTQIA+.
Criado por Russel T. Davies, de Queer as Folk, a série de 5 episódios, se passa entre 1981 e 1991, período que a AIDS se expandiu na Europa, apresentando um cenário devastador. Apesar de inevitáveis comparações com Pose, aqui a abordagem é completamente diferente, e a linguagem da produção mais europeia.
Alguns amigos que saem de sua cidade natal vão morar juntos num apartamento, o Pink Palace. São eles, Ritchie(Olly Alexander), Roscoe(Omari Douglas), Mukherjee(Nathaniel Curtis), Colin(Callum Scott Howells) e a destemida Jill(Lydia West). O primeiro episódio da produção nos apresenta todos e é marcado pelo hino do OMD, Enola Gay.
La! É o cumprimento oficial dos moradores do Pink Palace. Os protagonistas de It’s a Sin amam tanto a vida que estão inclusive dispostos a morrer por ela. A série apresenta uma conexão única entre prazer e morte nas cenas de sexo, que não são nada tímidas.
Em 1984, quando já se fala em AIDS o temido “Câncer Gay”, o vírus começa a se espalhar por Londres, os amigos do flat entendem que aquela é uma nova realidade, e uma luta que terão que enfrentar, seja na militância ou numa cama de hospital, condenados pela sociedade.
Olly Alexander, que também é vocalista da banda Years & Years, com quem regravou o clássico It’s a Sin do Pet Shop Boys para a série, está impecável como Ritchie, e seus momentos com Jill, são simplesmente maravilhosos. Grandes momentos também tem a atriz veterana, Keeley Hawes, que interpreta sua mãe, Valerie.
Enquanto uns vão, outros ficam, e lutam. Jill se torna uma militante pelo direito dos soropositivos, além de oferecer o seu afeto em hospitais. Uma crítica à indústria farmacêutica também é feita e campanhas na TV e matérias pipocando nos jornais são relembrados, assim como o anticlímax causado pelo uso da camisinha.
A delicadeza e o realismo que o tema é tratado é impressionante, vemos os doentes sofrendo, mas também seus entes queridos que são brutalmente afetados pela patologia. Alguns números musicais, trazem beleza para a obra que adentra profundamente na noite londrina para aliviar a dor em meio a música e cor.
Um dos grandes atrativos da série é sua trilha sonora, que acaba fazendo parte da narrativa, com grandes hits dos anos 1980. Tem Soft Cell, Blondie, Erasure, Joy Division, Kim Wilde, Culture Club, Eurythmics, Kate Bush, Laura Branigan, Divine, é claro Pet Shop Boys, entre outros.
Difícil segurar a lágrimas diante de um retrato tão realista, comovente, triste e necessário do HIV e seu rastro de morte. A produção conta ainda com participações luxuosas de Neil Patrick Harris, no primeiro episódio, e do veterano Stephen Fry, de Wilde. It’s a Sin é um primor!
Não tem como não querer ver esse "primor" de série
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