quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Um Romance nas Entrelinhas(Vita & Virginia, Reino Unido/Irlanda, 2018)



Baseado na peça biográfica, Vita & Virgina, escrita por Eileen Atkins em 1992, o filme tem roteiro da própria e a direção de Chanya Button. Eva Green havia sido confirmada como protagonista do filme, que estreou no Festival de Toronto, em 2018, mas acabou declinando do projeto.

Nos anos 1920, a escritora Vita Sackville-West, interpretada por Gemma Arterton, de 007: Quantum of Solace e João e Maria: Caçadores de Bruxa, frequenta as mesmas rodas de intelectuais que o ícone literário Virginia Wolf, vivida pela australiana Elizabeth Debicki, de The Crown e Guardiões da Galáxia.

Vita, uma grande fã de Virginia Wolf, olha com extrema admiração para a ídola, até que são apresentadas. Ambas casadas, acabam se envolvendo, com o consentimento dos maridos, e iniciam uma relação bela, poética e repleta de cartas de amor. Cartas essas que foram utilizadas para construir o roteiro.

Através do belíssimo universo de Wolf, acompanhamos toda a sua fragilidade diante do romance que a está consumindo, porém que a faz sentir-se viva cada vez que estão juntas. Embora Virginia resista as investidas de Vita, ela acaba cedendo e as duas iniciam assim um romance tumultuado mas repleto de sexo e sentimento.

Perdida em seus pensamentos, e melancólica, Virginia Wolf é muito bem interpretada por Debicki, que se integra totalmente ao que talvez tenha sido a personagem de sua carreira, afinal não é nada fácil dar vida a um ícone do movimento feminista.

Como numa obra literária, viajamos em meio à belas palavras e uma fotografia sublime, alguns diálogos são bem teatrais, para preservar a alma da peça sobre esse famoso e escandaloso romance, de duas mulheres a frente de seu tempo.

O amor de Virginia Wolf por Vita, a inspira a escrever Orlando, uma de suas obras de maior sucesso e que rendeu o filme com Tilda Swinton. A escritora canaliza Vita no jovem do século XVI, que transgride tempo e gênero. Após o lançamento da obra a carreira da escritora decolou.

“Nunca experimentei algo tão incapaz de ser descrito” confessa Wolf aos amigos sobre o romance com Vita, e de fato a relação bastante intensa e cheia de idas e vindas, provocava em Viriginia sensações que ela não sabia explicar.

Belíssimo e feminino, o filme conta ainda com a participação de Isabella Rossellini como a frígida e cruel Lady Sacbeth. Um filme que, na minha opinião, merecia muito mais reconhecimento, tanto do público, quanto da crítica. 

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