É Tudo Tão Calmo, da diretora Nanouk Leopold, é um olhar para a quietude dentro das pessoas, do isolamento e das coisas que estão trancadas no armário, visto através dos olhos de alguém cuja sexualidade e possibilidades estão escondidas, talvez até mesmo de sua própria consciência.
Jeroen Willems, que faleceu logo após a produção(a obra é dedicada a ele) é Helmer, um fazendeiro holandês que vive uma existência em grande parte solitária, interrompida apenas por cuidar de seu pai. Seu pai está doente, praticamente imóvel, taciturno e passa o tempo deitado na cama esperando a morte.
Helmer também recebe visitas ocasionais, como do entregador de leite que parece um pouco fascinado por ele. Depois, há o jovem lavrador Henk(Martijn Lakemeier), que é quase tão quieto quanto Helmer, mas que desperta sentimentos que o fazendeiro reprimiu e com os quais ele pode ainda não estar pronto para lidar.
Como o título sugere, este é um filme silencioso. A obra tenta revelar o que está dentro dos personagens através de suas ações (ou falta delas) ao invés de suas palavras. O filme constrói com sucesso uma imagem de um homem que é tão reprimido e afastado de tudo que não sabe lidar com existência tanto quanto a vida.
Há a sensação constante de que ele quer outra coisa, mas chegou ao ponto em que acredita que sua pequena, triste e limitada realidade é tudo o que é possível. No entanto, ele talvez tenha se convencido tanto disso, que nem percebe as possibilidades do mundo ao seu redor.
O fato de o filme ser baseado em um romance, de Gerbrand Bakker, chamado The Twin sugere que talvez Henk seja quase Helmer como ele era quando jovem e ainda havia a possibilidade de ele alcançar e viver uma vida mais plena, onde ele aceitasse sua sexualidade. Enquanto isso, seu pai pode representar para onde Helmer está indo se nada mudar, deixado com nada além de arrependimento e esperando a morte.
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