A direção de Tuna é sensível e autêntica, capturando com precisão a confusão e a vulnerabilidade da adolescência em um ambiente repleto de expectativas, tensões e masculinidade tóxica. A narrativa se concentra na luta interna de Ahmet, explorando temas de identidade, conformidade e resistência.
Durante o dia, Ahmet frequenta uma escola secular e nacionalista. À noite, ele retorna ao seu dormitório superlotado, onde longas horas de estudos do Alcorão e bullying o aguardam. Felizmente, ele pode contar com Hakan (Can Bartu Aslan), outro interno, que se tornou seu amigo. Juntos, os dois desafiam a rigidez de um sistema que busca recrutar jovens.
O diretor Nehir Tuna desenterrou o assunto do filme, de suas memórias de infância, o que lhe garante um tom bastante similar ao britânico Terence Davies. O filme é inspirado em sua própria experiência de cinco anos passados em um internato religioso cujo nome yurt em turco também significa país.
A escolha do preto e branco, na direção de fotografia de Florent Herry, que acompanha a primeira parte do filme, reforça uma espécie de distância nostálgica desse período não tão distante da história da Turquia. Onde o filme ganha cores é que ele está repleto de simbolismo.
Dormitory tem o mérito de trazer um coming-of-age, para um cenário de individualidade sendo negada. Embora não seja novidade, é mais um testamento de um menino que precisa se autodefinir em vez de espelhar os outros. O dormitório, um mundo terrível e ao mesmo tempo um tesouro de descobertas extraordinárias, contém outros lugares, refúgios e espaços de liberdade clandestina que permitem aos jovens descobrirem uma vitalidade fervilhante, explicitamente negada pela atmosfera do internato.
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