quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Fernanda Young: Foge-me ao Controle (Brasil, 2024)

Escritora. Anárquica. Apresentadora. Intelectual. Controversa. Artista. O documentário, de Susanna Lira , tem a missão de mostrar as múltiplas faces de Fernanda Young e faz isso de forma lírica, poética e punk, respeitando o estilo da escritora, falecida precocemente, em 2019.

Fernanda Young sempre chamou atenção por fugir das convenções sociais.  O filme é ilustrado por imagens caseiras e profissionais, muitas fotos, em certos momentos beira o surrealismo, e na maior parte é narrado por sua protagonista, afinal ele sempre teve muito o que dizer. Young fala desde saúde mental, dislexia, sexualidade ao amor.

A montagem de Foge me Ao Controle, de Ítalo Sanches, exala a energia caótica da artista. Ele mistura fotografias, entrevistas em programas da TV, trechos de livros e poesia à imagens de filmes como Metrópolis(1927), de Fritz Lang, ou Taxi Driver,(1976) de Martin Scorsese, Salomé(1923), Bete Balanço(1984), entre uma infinidade de cenas que soam como libertadoras.

O documentário é carregado por um espírito feminista muito forte, É o manifesto estético e audiovisual de uma mulher que carregou muitos triunfos mas também traumas. Um dos pontos altos do filme é quando ele reflete sobre Vani, a personagem do icônico Os Normais, escrito com o marido Alexandre Machado, que é na verdade seu alter ego.


Animações criadas a partir de desenhos feitos pela própria Fernanda completam o mosaico do documentário. “O documentário mergulha neste lado literário da Fernanda que pouca gente conhece. Ela se ressentia por não ser reconhecida como escritora, e foi uma voz sobre o feminismo em uma época em que o assunto era pouco abordado”, conta Susanna Lira.


Íntimo, sem filtros e bastante inventivo, em termos de linguagem, o documentário oferece uma homenagem à memória de Fernanda Young, mas acima de tudo celebra sua vida e sua existência. A sua marca no mundo não esteve apenas nas muitas tatuagens em seu corpo, mas em cada palavra que escreveu, em cada reflexão pioneira que trouxe à tona.

Fernanda Young foi precursora em expor pensamentos, sobre drogas, aborto, política, maternidade, que hoje parecem mais urgentes do que nunca. Foi uma desbravadora da MTV e um ícone do Saia Justa. Muitos trechos de seus livros e poemas são lidos pela amiga Maria Ribeiro e ganham vista neste filme que é mais do que uma reverência, é uma comemoração.



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