JOHN é um drama social dirigido por Le Han em sua estreia no cinema. O filme narra a vida de um profissional do sexo latino que vive na parte mais pobre de Los Angeles. Ardente e comovente, o longa retrata as dificuldades que trabalhadores do sexo LGBTQ+ enfrentam diariamente, contadas em uma narrativa vívida.
O filme gira em torno de John (Sebastian Perez), um jovem michê sem sorte que trabalha nas ruas de West Hollywood, LA. John está sob as asas de dois profissionais mais velhos: o viscoso Miguel (Seth Hafley) e a bondosa Peaches (Celine Jackson), que é trans.
Observamos John passar seus dias, conhecer vários clientes e, em geral, apenas tentar suportar a vida. Por meio de suas experiências angustiantes, vemos com que garotos de programa lutam diariamente: pobreza, vício em drogas, HIV, violência.
A decisão de usar atores não profissionais é inspirada no neorrealismo italiano e confere ao filme uma qualidade de documentário. Entre os coadjuvantes, Jackson se destaca por sua atuação atrevida, mas sincera. Peaches e John desenvolvem uma amizade íntima que faz fronteira entre o maternal e o romântico.
A clientela variada de John também rouba as cenas com suas torções e singularidade. Em uma cena comovente, John conhece um cliente que o paga apenas para conversar. Um homem gay enrustido, ele admite a John seu remorso por aprovar leis que prejudicam os gays.
Os visuais do filme são lindos. O longa foi feito com apenas um Iphone, em locais sujos por toda Los Angeles, capturando com precisão o ponto fraco da cidade e a desolação sentida pelos personagens presos lá. A cinematografia é ao mesmo tempo temperamental e extravagante.
O filme lembra Tangerine, de 2015, sobre profissionais do sexo, que foi filmado inteiramente em um iPhone. Ambos os filmes se movem com a mesma energia cinética bruta que só pode ser extraída de artistas não profissionais. Da mesma forma,os dois são repletos de comentários sociais.
Sempre corajoso e implacável, JOHN faz um ótimo trabalho ao contar uma história trágica sem recorrer ao melodrama ou sentimentalismo. Em última análise, é um filme experimental que especificamente nunca tenta ser eloquente nem refinado. Ao fazer isso, ele captura a textura grosseira de seu assunto, a feiura e a melancolia.
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