ENTREVISTA DE LANÇAMENTO DE "MOTEL DESTINO"

Colaborou Stefano Maximo

Sob o céu em chamas numa beira de estrada do litoral cearense, o Motel Destino é palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada do jovem Heraldo transforma em definitivo o cotidiano do local.

Após ser aclamado no Festival de Cannes, o novo longa de Karim Aïnouz chega aos cinemas brasileiros em 22 de agosto. A convite da Pandora Filmes, o CINEMATOGRAFIA QUEER acompanhou a entrevista coletiva de lançamento do filme em São Paulo.

Karim Aïnouz revela: “Fiquei com muita saudade de fazer um filme cearense, então tinha uma coisa muito impressionante de memória, mas de fome do Brasil, de Fortaleza, do Ceará, então foi talvez um dos processos mais felizes de fazer um filme, e eu eu acho que teve outra coisa que na tela que é uma sensação de celebração da vida”.

Premiado em Cannes, Iago Xavier explicou as gírias cearenses usadas no filme: “a gente tem esse texto que é a nossa base, mas eu acredito que todo esse processo ele foi surgindo por esse mês de preparação. A gente foi muito aberto para explorar algumas coisas além do texto pra deixar alguns sentimentos também virem e deixar o processo muito mais fluido e muito mais intuitivo”.

Sobre a composição de seu personagem Fábio Assunção destaca: “A mortificação do eu e você adquirir um outro corpo, outra linguagem outro gestual uma outra energia e que eu acho que no caso do Motel por ser claustrofóbico é sempre uma pressão psicológica muito grande e isso altera o comportamento de todos ali”. E sobre a relação com com o elenco: "Aprendi muito com o Iago em relação a essas diferenças culturais, ele traz muito dessa cultura do Ceará, a questão de se ambientar os processos tiveram sua cadência e foi uma entrada muito rica pra mim”, complementa.

O diretor também destacou que assim como seu longa “A Vida Invisível(2019)” o tema da solidariedade permeia o filme e revelou uma técnica curiosa de filmagem “Eu tô sempre fazendo um negócio extraordinário que é fazer um plano em silêncio, sempre faço os takes que eu preciso, depois que eu entendo que a emoção foi conquistada sempre peço pros atores fazerem a passagem com as mesmas ações mas em silêncio, porque acho que a troca de olhares e a sinergia nos corpos e espaço é muito forte e nesse filme isso foi muito evidente”.

A atriz Nataly Rocha elogiou o trabalho com o diretor :"Faz com que você se sinta a vontade. Vamos fazer, isso tá certo, então isso tudo vai te dando autoestima e vontade de estar contribuindo pro filme, isso vai do corpo, totalmente".

Sobre as filmagens no Ceará, o produtor Fabiano Gullano contou: “ Foi muito produtivo que a gente tivesse instalado e filmando em Beberibe e a gente pode dedicar todo esse tempo pra filmagem. O filme tem uma cor local super forte, tem esse cearense falado, essa alma do Ceará , desses personagens”.

É muito importante que os corpos fossem algo que estivessem à frente da palavra”, define Karim.