Duas amigas de longa data, vividas por Simone Spoladore e Josi Antello, vivem uma história de amor. Ambas são escritoras que não querem publicar, mas fazer da escrita uma forma de experiência. Suas conversas, seus desejos, sua existência arriscada e seus fantasmas. As feridas da condenação permeiam o discurso: torna-se uma confissão.
O filme segue essa tonalidade, esse coração errante; aquela linha de fogo que separa os afetos. Bressane mais uma vez coloca em jogo sua concepção plural de cinema, compondo uma narrativa e estética peculiares que embelezam a tela com vários movimentos artísticos.
A imagem do filme é experimental, emulando teatro chinês, texturas, danças eróticas, e uma fotografia apurada por Pablo Baião. É sobre estas imagens que o diretor reflete e experimenta uma linguagem que às vezes é lisérgica e outras é contida.
É através da ruptura narrativa que o filme é levado a sua segunda parte ,focada no delírio amoroso desses dois seres humanos observados no meio da jornada de suas vidas: a paixão transborda, quebra padrões e barreiras, toda lei física perde seu sentido.
É um filme literário com uma sensualidade poderosa, com duas mulheres em todo o seu esplendor cuja atração mútua. Uma das mulheres é então apaixonada por um homem e as coisas ficam complicadas, pois sempre que há amor há drama. As cenas ao ar livre na Praia do Leme, no Rio de Janeiro, são particularmente bonitas e tranquilas. Bressane confia tanto em seu filme, que não parece ter feito para nenhum tipo específico de público.
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