Pré-selecionado para representar a República Tcheca no Oscar 2026, “Eu Não Sou Tudo o que Eu Quero Ser” celebra Libuše Jarcovjáková, apelidada de “Nan Goldin da Tchecoslováquia”. O filme revela sua coragem em expor experiências íntimas, sociais e políticas, transformando sua própria vida em arte visual de impacto.
Tasovská combina fotos cruas, diários e gravações caseiras para traçar a Tchecoslováquia sob o prisma da marginalidade. Sexo, LGBTQIA+, comunidades de Roma e trabalhadores migrantes são documentados como atos de resistência. Cada frame materializa corpo, desejo e identidade em uma afirmação política e estética que desafia o apagamento.
A edição transforma registros visuais em cinema vivo: sobreposições, cortes rítmicos e sons ambientes dão ritmo à narrativa, criando um fluxo emocional contínuo. A voz de Libuše reverbera na primeira pessoa, fazendo da memória algo sensorial, uma pulsação que envolve o espectador e torna o passado presente.
O documentário percorre décadas e cidades, Praga, Berlim, Tóquio, mostrando uma trajetória de resistência e reinvenção. O olhar íntimo da câmera captura tanto a efervescência da juventude quanto o peso da história, costurando política, afetividade e desejo em um mapa emocional que transcende fronteiras.
Exibido na Berlinale Panorama 2024, o filme colecionou prêmios como o Innovation Award (Festival du Nouveau Cinéma), Fierté Montréal e reconhecimento de júri e público em Lyon, além do Czech Lion de Melhor Documentário. A trajetória do filme reflete não apenas o talento de Tasovská, mas a universalidade do olhar de Libuše.
“Eu Não Sou Tudo o Que Eu Quero Ser” pulsa com coragem e sensibilidade. Entre câmeras, diários e imagens, o documentário recusa o apagamento histórico e afetivo, oferecendo um testemunho queer que é ao mesmo tempo íntimo e político, lembrando ao espectador: a arte e a memória existem, aqui e agora.
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