Por Bruno Weber Novo filme de Gabriel Mascaro, "O Último Azul" chega agora aos cinemas brasileiros após vencer o Urso de Prata no Festival de Berlim. O diretor pernambucano volta a explorar temas de indivíduos periféricos rebelando-se ou encontrando a si próprios.
O filme se passa num futuro próximo onde o governo envia compulsoriamente pessoas idosas para viver numa colônia afastada. Tereza, personagem de Denise Weinberg, tenta usar o tempo que lhe resta antes de ser forçada a partir pra realizar o sonho de viajar de avião.
Contando com a ajuda de desconhecidos que encontra pelo caminho, como o barqueiro vivido por Rodrigo Santoro e a vendedora de bíblias digitais vivida pela atriz cubana Miriam Socarrás, Tereza parte numa jornada sensorial por um Amazonas distópico.
Esse sistema futurista que trata pessoas idosas como mercadoria traz ecos da realidade, lembrando de como o governo brasileiro lidou mal com a pandemia. Para preservar a economia, sacrificaram as pessoas no grupo de risco - idosos, por acaso.
Gabriel Mascaro cria uma narrativa composta pela forte presença de cores: fogos de artifício, peixes coloridos, o "último azul" do céu onde Tereza quer voar e do muco alucinógeno de um caracol mítico. Símbolos do embate entre a sociedade e a natureza.
Apesar de algumas ressalvas - os diálogos são bem artificiais em certos momentos, e a trama, como a protagonista, demora a encontrar o rumo - "O Último Azul" tem as maiores virtudes na originalidade, visual impactante e bela atuação de Denise Weinberg.
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