quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

A Glória e a Graça(Brasil, 2017)

Eu poderia começar esse texto questionando o fato de Carolina Ferraz, uma mulher cis, interpretar a trans do título. Mas penso, estaria sendo preconceituoso, afinal atores e atrizes representam personagens. E Ferraz, apesar de não ser o ideal para a representetividade LGBTQIA+, convence e defende com muita garra sua Glória.


A premissa do filme de Flavio Ramos Tembellini ,até lembra recentes melodramas da TV. Após descobrir que está com um aneurisma, Graça, a ótima Sandra Corveloni, procura o irmão Luiz Carlos, com quem não fala há 15 anos. Ele porém agora se tornou Gloria, uma bela e bem sucedida transexual, dona de um restaurante em Santa Teresa.

O roteiro assinado por Lusa Silvestre, de Estômago, e Mikael de Albuquerque, aborda questões familiares de aceitação e resiliência. Os filhos de Graça, Papola e Moreno, acabam se tornando o elo entre as duas irmãs, o que acaba colocando diante de Glória a possibilidade, nunca pensada, de ser mãe.

“Eu sou mulher, mulher, pra Caralho” esbraveja a personagem de Carolina Ferraz, após ter uma epifania. A principal questão de A Gloria e a Graça, é a de uma transexual adotar duas crianças e retomar os seus laços familiares, mesmo após uma morte.

O momento de reconciliação das duas personagens principais é um trajeto comovente, com lembranças, mágoas do passado e segredos vindo à tona. Tudo isso com diálogos bem construídos no embate entre as duas irmãs.

A Glória e a Graça é um filme que traz representatividade, na abordagem, sim! No elenco a personagem Fedra, é interpretada pela atriz trans Carol Marra e o orgulho que Gloria tem de bater no peito e dizer que é travesti é comovente. Certamente há algumas falhas no roteiro e na direção, mesmo assim, não ofuscam a bela história que o filme tem para contar.

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