quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Lingua Franca(EUA/Filipinas, 2019)


Em tempos onde as mulheres ainda lutam por espaço na direção de produções, é uma vitória que uma diretora trans, tenha chegado ao ao celebrado Festival de Veneza, com seu longa da estreia. Se trata da filipina Isabel Sandoval, que roteiriza, dirige e protagoniza Língua Franca.

O longa conta a história de Olivia, uma trans que trabalha como cuidadora de idosa, e está ilegal nos EUA, esperando alguém para que possa ‘casar’ e conseguir o green card, em plena era Trump, onde as deportações estavam ocorrendo em massa.

A melancolia que Sandoval transmite em sua atuação é imensa. Olivia é uma personagem vulnerável, que vive com medo, enquanto precisa cuidar de seus afazeres, sem que a senhora para quem trabalha descubra nada. 

Isabel Sandoval se mostra competente na direção criando um filme bastante intimista que fala de solidão. Quando se envolve com o empregado de um matadouro, a sorte parece mudar para Olivia, que, iludida com o amor, acredita que possa casar com ele e ter seu sonhado visto.

Apesar de bonito e bucólico, o filme é desconfortante, principalmente nos momentos em que Olivia precisa mostrar seus documentos, ou quando ouve a expressão ‘trava’ da boca dos amigos de seu amado.

Profundo e sentimental, o filme ganhador do Queer Lisboa, mira na alma, e acerta em cheio. Seu grande ponto alto, no entanto, é que a história é narrada e conduzida por uma mulher trans. Finalmente, estamos frente a tal visibilidade.


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