Ganhador do cobiçado Prêmio Teddy, que celebra o cinema LGBTQIA+, no Festival de Berlim, em 2018, Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goffman, fez uma bela trajetória por festivais ao redor do mundo sendo premiado também em Toronto, Barcelona, Brasília e, claro, no nosso Mix Brasil.
O documentário revela a rotina do corpo político de Linn da Quebrada, artista negra, transexual e que rompe qualquer padrão de normatividade, com um discurso de empoderamento e seu processo criativo.
Com um apelo conceitual, a direção de fotografia de Karla Costa é responsável por criar momentos realmente belos, poéticos e reflexivos. O filme nos mostra, tanto a Linn da periferia, em sua vida privada, convivendo com amigos como Liniker, como a figura pública.
No palco, Linn da Quebrada é uma explosão, uma bomba subversiva que canta letras irreverentes, politizadas e que celebram a cultura e o linguajar LGBTQIA+, tudo isso numa performance visceral, acompanhada da fiel escudeira Jup ou dividindo os holofotes com As Bahias e a Cozinha Mineira, como mostra no filme.
O documentário, que não segue o padrão de depoimentos, tendo entrevistas apenas com a própria Linn, disseca sua personalidade. Questões de corpo, hormonização, silicone, explorar novos territórios, são discutidos. Mas o momento mais delicado do filme é quando conta sobre um câncer que teve, mostrando um acervo de imagens dela performando seu corpo no hospital.
Sua nudez é exposta, talvez em excesso. Mas o filme trata isso, de corpo. A performer se entrega total diante das câmeras e esquece do pudor para revelar suas partes mais íntimas. É um filme bem artístico e com pouco apelo comercial, pode não agradar a todos, no entanto é uma crítica voraz de Linn da Quebrada, para a sociedade cis.
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