Um festival de K-POP, com bandinhas lembrando de Menudo à Backstreet Boys, Jesus, Nicolás Durán, está na plateia enquanto a câmera adentra os bastidores do evento. Em seguida, o personagem, um adolescente de 18 anos, está cheirando loló numa rodinha.
Este é o segundo longa de Fernando Guzzuni. Em sua estreia, em Carne de Perro, de 2014, ele abordou as complexidades de um ex torturador da ditadura de Augusto Pinochet. Nesse novo filme, o diretor volta a trabalhar numa zona obscura com personagens marginalizados.
Jesus vive com o pai, Alejandro Goic, um preconceituoso porém zeloso viúvo, e passa as noites caindo de bêbado como os protagonistas de Jonas e Beach Rats. Ele se envolve com garotas, há inclusive uma cena de sexo oral explícita, e também com garotos.
O caso no qual o filme é baseado é emblemático no Chile, e gerou uma mudança nas políticas públicas. Foi o ataque, tortura e homicídio de Daniel Zamudio, perpetuado por quatro jovens em 2012, caracterizando um crime de homofobia.
No entanto o posto de protagonista não é o da vítima, e sim de um dos seus agressores. O foco não está nos danos causados, mas sim na zona dos que o vitimizaram de um ponto de vista complexo, sugestivo e sem julgamentos
O longa chileno é uma obra sobre relação pai e filho, adolescência, sexualidade, identidade e vazio que é preenchido com drogas, bebedeiras, sexo e ocasionalmente violência.
O filme busca fazer uma crítica e uma análise sobre fraturas e desencaixes presentes na sociedade chilena, principalmente alertando para os horrores da homofobia e a violência de gênero. Jesus é um filme pesado e com um final arrebatador.
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