Anos antes de realizar sua obra prima Retrato de uma jovem em chamas, a cineasta francesa Céline Sciamma, dirigiu Tomboy, seu segundo longa, que assim como o vizinho belga Minha Vida em Cor de Rosa, trata da transexualidade infantil, mas nesse caso um trans menino.
Tomboy é uma expressão usada para designar meninas moleques. Laure, numa interpretação brilhante de Zoé Herán, é uma criança de 10 anos, que se veste com roupas masculinas, usa cabelo curto e vive com os pais e a irmã mais nova, Jeanne, que apesar da diferença de idade é a melhor amiga e cúmplice.
O protagonismo do filme é das crianças, por isso os adultos não tem nome, mas a relação dos pais com a aparência masculina de Laurie parece muito tranquila. Quando eles se mudam de bairro, ela se apresenta para o resto das crianças como Michael e passa a viver sua verdadeira identidade de gênero, como um menino.
Michael se relaciona com Lisa, com quem troca alguns beijinhos inocentes, enquanto realiza todas as outras brincadeiras como menino. Numa ótica bem infantil, quando precisa nadar com os amiguinhos ele faz um pênis de massinha de modelar.
Tomboy, não trata o tema com didatismo, e apesar do baixo orçamento tem um visual muito bonito e planos e enquadramentos estratégicos. É um filme muito leve e sutil, quase lúdico, e que coloca em debate o tema de como é se sentir um estranho dentro do próprio corpo, ainda mais para uma criança.
Lindo e comovente, o filme nos deixa uma mensagem de positividade e esperança em relação a aceitação e visibilidade da comunidade trans, que cada vez mais cedo começa a brotar. É preciso mais longas como esse, para se falar mais sobre a transexualidade masculina.
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