Billy Elliot, estreia nas telas de Stephen Daldry, é um filme ousado, atraente e emocionalmente generoso sobre um menino crescendo na Inglaterra durante a greve dos mineiros de 1984/85 e que descobre em si mesmo um talento para a dança. Isso horroriza seu notável pai mineiro, interpretado pelo excelente Gary Lewis. É balé: fondu, frappé, adagio, usar tutu, e o jovem Billy (Jamie Bell) tem que trabalhar em seus pliés junto com todas as garotas em um salão de igreja para onde o pai o envia todas as semanas achando que o filho está aprendendo lições de boxe.
Este é um filme com muito charme, muito humor e muito coração. O roteiro, indicado ao Oscar, de Lee Hall, se distingue ainda mais pela maneira discreta e inteligente com que lida com a questão da sexualidade nascente de Billy, evitando a vulgaridade e a lascívia. O jovem bailarino não é um estereótipo.
Ele se junta a proteção da professora, Sra. Wilkinson, interpretada por Julie Walters. Ela vê que a dança, com sua linguagem crescente do espírito humano, pode ser a passagem de Billy para a maturidade e quem sabe para fora da pequena cidade. Ao longo do caminho, ele se envolve em apuros, descobre sua sexualidade por meio de seus dois melhores amigos - o fluído Michael (Stuart Wells) e a precoce pré-adolescente Debbie (Nicola Blackwell) - e tem o público torcendo por ele a cada giro e pirueta.
A ação de Billy Elliot se aprofunda quando seu pai, a princípio enfurecido, passa a aceitar o talento de seu filho, e que algum dinheiro deve ser encontrado para habilitá-lo a fazer um teste para a Royal Ballet School. Com uma clareza terrível, ele percebe que isso significa interromper a greve e se juntar aos que são levados de ônibus pelas linhas de piquete todas as manhãs.
Então, ao questionar a masculinidade de seu filho amante de balé, o pai de Billy chega a sua própria crise masculina. O uso da greve é muito estudado ao lançar este evento marcante e traumático na história britânica como pano de fundo para as dores de crescimento de um jovem.
A chave para o sucesso de Billy Elliot é sua enganosa simplicidade; ao contar a história de um menino que quer trocar suas luvas de boxe por meias de balé, o diretor evitou os clichês regulares dos filmes de dança para criar um conto de triunfo sobre adversidades.
Onde isso realmente marca e puxa as emoções, no entanto, são nas próprias sequências de dança, definidas em grande parte como um medley de sucessos dos anos 1980 e compreendendo movimentos não ortodoxos garantidos para derrubar os estereótipos do balé. Há cenas lindas ao som de London Calling, do The Clash, e Cosmic Dancer, do T-Rex.
A ideia de aceitação é um tema importante no filme, não apenas em relação à luta de Billy, mas também de seu melhor amigo, Michael, que é forçado a esconder sua sexualidade. A amizade que eles compartilham é quase incomparável em sua doçura e aceitação mútua, nunca questionando, apenas perplexos com uma leve curiosidade.
Mais de 20 anos depois de seu lançamento, Billy Elliot permanece eternamente edificante, enérgico e gracioso de dar calor ao coração, os momentos mais leves tornam-se ainda mais alegres em contraste com o pano de fundo pesado que está por trás do protagonista.
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