“Eu esperei muito para ter esse momento com vocês”, diz Madonna ao público do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, onde Madame X, foi documentado por Ricardo Gomes e SKNK. O show lançado pela Paramout+ é de fato grandioso, mas comparado a suas majestosas turnês anteriores, ele possui um clima bastante politizado e intimista.
O filme abre com imagens icônicas de Madonna, reafirmando sua importância na música e como símbolo da cultura POP, para depois relacionar a figura de Madame X com o romancista e crítico sócio-político James Baldwin, e fazer uma feroz crítica social no número de abertura God Control, onde o namorado participa, e a artista projeta diversas imagens de protesto, questiona a liberação de armas, a morte de George Floyd e reforça “Black lives matter”. O número é seguido por Dark Ballet, com vários dançarinos mascarados e onde a cantora declara “Morte ao Patriarcado”.
Human Nature recria o clipe em uma versão cheia de conceito e projeções que também parecem carregar uma crítica. A sensualidade, outrora representada pela roupa de látex, aparece nos acordes de um saxofone. A música culmina num momento de dança, onde as filhas adotivas de Madonna, Esther, Stella e Mercy James, participam e inclusive interagem no final “Deus é mulher”, fala a caçula para em seguida cantarem Express Yourself, a cappella.
Strike a Pose. É sempre um deleite ver Madonna performando Vogue. Em Madame X, ela é acompanhada de diversas drag queens, caracterizadas como ela, uma detetive misteriosa, entoando o hino de uma geração, antes de entrar num momento ainda mais noir em I Don't Search I Find.
Os momentos de bate-papo com o público mostram uma Madonna descontraída, feliz por estar fazendo o que gosta, discursando sobre empoderamento feminino e arrecadando dinheiro para as crianças do Malawi.
A crítica social volta ferozmente em American Life, uma canção atemporal que culmina em um caixão no palco. No entanto a presença das Batukadeiras Orchestra, com mulheres de Cabo Verde, traz uma alegria contagiante ao palco, com Madonna cantando e dançando junto com aquelas guerreiras africanas em um momento místico.
Quando a cantora começa a falar de sua relação com o Fado, inicia um novo ato no Show. Ao lado do músico Gaspar Varela, ela canta uma música totalmente em português enquanto segura uma long neck. É um momento forte, que irá cobrir o palco de azulejos portugueses e nos remeter a uma legítima taberna lisboeta.
Madonna apresenta então Killers Who Are Partying seguida por Crazy, ambas com versos em português. “Eu te amo, mas não deixo você me destruir”. A cantora explica ao público o que significam as palavras para seguir com Welcome to My Fado Club, onde apresenta uma versão desconstruída do clássico La Isla Bonita.
Mas a Madame X não consegue ficar muito tempo no mesmo lugar, ela então sugere ir para um local mais quente como Medellin. O cantor colombiano Maluma aparece no telão e temos muita dança numa explosão a la colombiana, na apresentação do primeiro single do disco.
Life is a Circle e Frozen marcam o começo do ato final do show. A música, do disco Ray of Light, é lindamente apresentada por Madonna, acompanhada de violões, enquanto sua filha mais velha, Lourdes Maria, é gigantemente projetada no palco. A cantora aparece então entre suas mãos, entre seu corpo. Sem dúvida um dos grandes momentos do concerto. De arrepiar!
Temos uma festa africana em Come Alive e Madonna no piano em Future. Mas Like a Prayer é um hino para ser exaltado, e a cantora faz isso sem grandes recursos audiovisuais, acompanhada de um coral e um grande X que obviamente simboliza uma cruz.
O filme encerra com uma nova música composta por Madonna, I Rise, dedicada a pessoas marginalizadas e oprimidas e uma bandeira do arco-íris é estampada no telão. Acima de tudo, o documentário reforça a importância da Rainha do Pop para as novas gerações e exalta seu real valor como maior performer do mundo em atividade.
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