domingo, 10 de outubro de 2021

Madame X(EUA, 2021)


“Eu esperei muito para ter esse momento com vocês”, diz Madonna ao público do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, onde Madame X, foi documentado por Ricardo Gomes e SKNK. O show lançado pela Paramout+ é de fato grandioso, mas comparado a suas majestosas turnês anteriores, ele possui um clima bastante politizado e intimista.

O filme abre com imagens icônicas de Madonna, reafirmando sua importância na música e como símbolo da cultura POP, para depois relacionar a figura de Madame X com o romancista e crítico sócio-político James Baldwin, e fazer uma feroz crítica social no número de abertura God Control, onde o namorado participa, e a artista projeta diversas imagens de protesto, questiona a liberação de armas, a morte de George Floyd e reforça “Black lives matter”. O número é seguido por Dark Ballet, com vários dançarinos mascarados e onde a cantora declara “Morte ao Patriarcado”.

Human Nature recria o clipe em uma versão cheia de conceito e projeções que também parecem carregar uma crítica. A sensualidade, outrora representada pela roupa de látex, aparece nos acordes de um saxofone. A música culmina num momento de dança, onde as filhas adotivas de Madonna, Esther, Stella e Mercy James, participam e inclusive interagem no final “Deus é mulher”, fala a caçula para em seguida cantarem Express Yourself, a cappella.

Strike a Pose. É sempre um deleite ver Madonna performando Vogue. Em Madame X, ela é acompanhada de diversas drag queens, caracterizadas como ela, uma detetive misteriosa, entoando o hino de uma geração, antes de entrar num momento ainda mais noir em I Don't Search I Find.


Os momentos de bate-papo com o público mostram uma Madonna descontraída, feliz por estar fazendo o que gosta, discursando sobre empoderamento feminino e arrecadando dinheiro para as crianças do Malawi.

A crítica social volta ferozmente em American Life, uma canção atemporal que culmina em um caixão no palco. No entanto a presença das Batukadeiras Orchestra, com mulheres de Cabo Verde, traz uma alegria contagiante ao palco, com Madonna cantando e dançando junto com aquelas guerreiras africanas em um momento místico.

Quando a cantora começa a falar de sua relação com o Fado, inicia um novo ato no Show. Ao lado do músico Gaspar Varela, ela canta uma música totalmente em português enquanto segura uma long neck. É um momento forte, que irá cobrir o palco de azulejos portugueses e nos remeter a uma legítima taberna lisboeta.

Madonna apresenta então Killers Who Are Partying seguida por Crazy, ambas com versos em português. “Eu te amo, mas não deixo você me destruir”. A cantora explica ao público o que significam as palavras para seguir com Welcome to My Fado Club, onde apresenta uma versão desconstruída do clássico La Isla Bonita.

Mas a Madame X não consegue ficar muito tempo no mesmo lugar, ela então sugere ir para um local mais quente como Medellin. O cantor colombiano Maluma aparece no telão e temos muita dança numa explosão a la colombiana, na apresentação do primeiro single do disco.

Life is a Circle e Frozen marcam o começo do ato final do show. A música, do disco Ray of Light, é lindamente apresentada por Madonna, acompanhada de violões, enquanto sua filha mais velha, Lourdes Maria, é gigantemente projetada no palco. A cantora aparece então entre suas mãos, entre seu corpo. Sem dúvida um dos grandes momentos do concerto. De arrepiar!
Temos uma festa africana em Come Alive e Madonna no piano em Future. Mas Like a Prayer é um hino para ser exaltado, e a cantora faz isso sem grandes recursos audiovisuais, acompanhada de um coral e um grande X que obviamente simboliza uma cruz.

O filme encerra com uma nova música composta por Madonna, I Rise, dedicada a pessoas marginalizadas e oprimidas e uma bandeira do arco-íris é estampada no telão. Acima de tudo, o documentário reforça a importância da Rainha do Pop para as novas gerações e exalta seu real valor como maior performer do mundo em atividade.

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