sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Vampyros Lesbos (Alemanha/Espanha, 1971)

Em uma boate de Istambul, uma bela mulher de cabelos escuros executa uma dança exótica. Na plateia, Linda Westinghouse (Ewa Strömberg) fica cada vez mais animada à medida que assiste à apresentação, reconhecendo a dançarina como a mulher que está aparecendo para ela em um sonho erótico recorrente.

Linda conta ao seu psiquiatra, Dr. Steiner (Paul Müller), sobre seu sonho, confessando que o achou profundamente erótico. O Dr. Steiner descarta suas preocupações, diagnosticando-a como sexualmente frustrada e sugerindo que ela consiga um amante melhor. Como parte de seu trabalho, Linda é obrigada a deixar Istambul para a Anatólia para ajudar a condessa Nadine Carody (Soledad Miranda) com uma herança complicada.

Chegando na ilha da condessa, Linda encontra a casa de sua cliente deserta. Nervosa com a situação, Linda reage com horror ao ver gotas de sangue escorrendo por uma janela. Preparando-se para sair, ela é interrompida por uma voz de mulher. É a condessa. Linda fica surpresa ao perceber que ela é a mulher da boate - a mulher dos seus sonhos. Linda tenta falar de negócios, mas a condessa sugere um mergulho. Mais tarde, Linda e a condessa discutem os termos da herança, o castelo do conde Drácula.

Linda aceita uma taça de vinho, mas ao bebê-la fica tonta e depois perde a consciência. Quando Linda acorda, ela está nua no chão do quarto. Ela se veste e sai à procura da condessa. Para seu horror, ela a encontra flutuando em sua piscina, aparentemente morta. Linda grita e desmaia…. Recuperando a consciência, Linda se encontra na clínica particular do Dr. Seward (Dennis Price), sem nenhuma lembrança do que aconteceu com ela.

Em Vampyros Lesbos, de Jesus Franco, em vez de habitar as montanhas envoltas em nevoeiro da Europa Central, a condessa prefere as margens ensolaradas do Mediterrâneo. Seu meio de transporte preferido não é uma carruagem puxada por cavalos, mas um carro com motorista; e longe de se esconder dos efeitos mortais dos raios solares, ela passa uma boa parte de seu tempo nadando nua e tomando banho de sol.


Vampyros Lesbos também ostenta um trio feminino na personagem de Agra(Heidrun Kussin), uma interna permanente da clínica do Dr. Seward, que passa a maior parte do tempo se contorcendo seminua e chorando para voltar para a "Rainha da Noite". Uma personagem que lembra bastante o servo de Drácula. A inversão mais inventiva do filme, no entanto, vem no personagem do próprio Dr. Seward que, longe de liderar o bando de caçadores de vampiros, como Van Helsing, na verdade quer se tornar um deles.

Uma convenção que Franco não altera é ter uma mulher como objeto de desejo. Vampyros Lesbos contém mais sexo do que violência, com Soledad Miranda envolvida em longas sequências com Ewa Strömberg e com o "manequim" que divide o palco da boate com Nadine. Essas cenas podem ser exploradoras, mas têm o mérito de serem encenadas com um erotismo honesto.

Visualmente, o filme é sempre interessante. As locações são bem exploradas. O azul do céu e do mar, e os tons de terra dos ambientes externos, fazem um contraste atraente com a decoração em preto e branco e vermelho das casas de Nadine.

A imersão do escorpião como metáfora  sinaliza a desgraça do vampiro. Ao combinar sequências reais de sonhos com tomadas repetidas de cortinas, redes, gotas de sangue e pipas circulando, Franco consegue evocar uma atmosfera alucinógena. Também digno de menção é a incrível trilha sonora psicodélica do filme, composta por Siegfried Schwab e Manfred Hubler.

O final de Vampyros Lesbos é ambíguo e assustador. O filme têm uma ressonância emocional genuína. A própria Nadine é uma personagem distintamente simpática, transformada em vampira contra sua vontade e agora confrontada com a necessidade de infligir o mesmo destino à pessoa que ama para mantê-la.


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