quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

PREVIEW 2026: O QUE VEM POR AÍ


 
O que o cinema e a TV queer já anunciam para o próximo ano

O ano de 2026 se desenha como um período de expansão estética e consolidação política do cinema queer, cruzando autoralidade, cultura pop, horror, memória histórica e melodrama. Mais do que diversidade temática, o que emerge é um conjunto de obras que recusam o didatismo e apostam em linguagens híbridas, corpos em fricção e narrativas que tensionam desejo, poder e representação.

Os filmes mais aguardados de 2026: desejo, corpo e subjetividade

Pedro Almodóvar retorna ao centro da conversa com “Amarga Navidad”, reafirmando seu interesse pelos afetos feridos, pela memória e pela maturidade emocional queer. Entre os títulos mais aguardados do ano, “Pillion”, de Harry Lighton, concentra expectativas por sua abordagem frontal de um romance BDSM. Já “The Chronology of Water”, dirigido por Kristen Stewart, promete uma adaptação sensorial e visceral das memórias de Lidia Yuknavitch. “Burning Rainbow Farm”, de Justin Kurzel, já é um dos projetos mais politicamente carregados do ano. “Heartstopper Forever” encerra em formato de filme a saga de Nick e Charlie, criada por Alice Oseman e consagrada como fenômeno global na Netflix.

Subversão à Brasileira
No Brasil, 2026 reafirma a força de um cinema queer atento a corpos, territórios e gêneros em fricção. “Ato Noturno”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, e “Ruas da Glória”, de Felipe Sholl, chegam aos cinemas após sólida trajetória em festivais, ampliando debates sobre desejo, moralidade e vida urbana. Matheus Marchetti prepara uma versão autoral de “O Retrato de Dorian Gray”, enquanto “Privadas de Suas Vidas”, de Gustavo Vinagre em parceria com Gurcius Gewdner, aposta no terror queer como espaço de excesso e contaminação estética, com Maria Gladys, Rodrigo o Apresentador e Marco Pigossi no elenco. "Alice Júnior - Férias de Verão”, de Gil Baroni, sinaliza a continuidade de um cinema juvenil afirmativo, enquanto “Trago Seu Amor”, de Claudia Castro, e “O Velho Fusca”, de Emiliano Ruschel, ampliam o espectro afetivo e geracional dessas narrativas. No campo documental, Henrique Arruda prepara um retrato da drag pernambucana Ruby Nox, conectando cena local, performance e o impacto cultural do “Drag Race Brasil”.


Mother Mary, de David Lowery

Música, autoimagem e pop como linguagem

“The Moment”, dirigido por Aidan Zamiri, ocupa posição estratégica nesse panorama. Mais do que um falso documentário, o filme funciona como retrato da era “brat” de Charli XCX, articulando música, performance, bastidores e autorrepresentação. Já “Mother Mary”, de David Lowery, com Anne Hathaway, Michaela Coel e Hunter Schafer, aponta para um cinema de afetos intensos, onde música, moda e identidade se entrelaçam. “Cry to Heaven”, dirigido por Tom Ford, promete transformar a prosa sensual de Anne Rice em espetáculo operístico, explorando gênero, performance e desejo em um contexto histórico raramente abordado pelo cinema mainstream. RuPaul chega com "Stop!That!Train!", filme da franquia Drag Race dirigido por Adam Shankman, com ex participantes do programa, que promete uma homenagem a clássicos como "Aeroporto".


Horror, fantasia e culto como territórios queer

O gênero segue como espaço privilegiado para narrativas LGBTQIA+. “Forbidden Fruits”, produzido por Diablo Cody, mistura culto, feitiçaria e ambiente corporativo, enquanto “Camp Miasma”, de Jane Schoenbrun, desponta como um dos títulos mais promissores do ano. Descrito como um híbrido entre slasher clássico e sensibilidade autoral, o filme reafirma o horror como linguagem queer de memória, obsessão e desejo, com Gillian Anderson e Hannah Einbinder no elenco.

Televisão: eventos, despedidas e legado

Na TV, 2026 será marcado por grandes eventos e encerramentos. “The Beauty”, de Ryan Murphy, aposta no horror social como comentário sobre beleza e sexualidade, enquanto “Interview With the Vampire”, agora focada em “The Vampire Lestat”, aprofunda sua mitologia queer sensual. Matt Bomer volta a trabalhar com a equipe de "Companheiros de Viagem" na nova série "Foster Dade", com piloto dirigido por Daniel Minahan. As temporadas finais de “Euphoria” e “Yellowjackets” sinalizam o fechamento de ciclos fundamentais da representação queer contemporânea. O Canal Brasil também prepara novidades, como a série sáfica Amora, estrelada por Bruna Linzmeyer e dirigida por Juliana Rojas, além de Coligay, sobre a torcida organizada do time de futebol gaúcho Grêmio, protagonizada por Irandhir Santos. Ryan Murphy volta em temporadas de Monster, narrando a vida de Lizzie Borden e American Horror Story, com o retorno de Jessica Lange e participação de Ariana Grande. Além disso, novas temporadas de “All’s Fair” e do sucesso “Heated Rivalry” já foram encomendadas.

Amora, de Juliana Rojas
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Um ano de risco, excesso e afirmação. E isso é só o começo, já que grande parte do que está por vir começamos a conhecer durante os grandes eventos e Festivais.

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