Sebastiane, foi o filme de estreia de Derek Jarman, co-dirigido por Paul Humfress. Posteriormente, o cineasta se tornaria conhecido, seja por sua relação com Tilda Swinton, em filmes como Caravaggio e Eduardo II, seu uso audacioso das formas masculinas, ou por sua morte de AIDS, em 1994, que o tornaram um ícone do movimento experimental e LGBTQIA+.
O longa abre com a cena de um homem pintado inteiramente de branco dançando no centro de um grupo masculino, lembrando o universo circense de Alejandro Jodorovsky. Fotografando gloriosamente a forma masculina, o filme segue a história de um grupo de homens e sua interação com um capitão romano, cuja fé pagã não condiz bem com as crenças cristãs de Sebastiane. Marcado pela trilha de Brian Eno, este filme é facilmente uma das estreias mais singulares e importantes do final dos anos 1970 e abriria caminho para uma obra cheia de genialidade e excentricidades.
Padroeiro do Rio de Janeiro, dos soldados, e patrono dos gays, Sebastiane(Leonardo Trevigglio) é o preferido do imperador Diocleciano(Robert Medley), mas como se nega a fornicar, acaba sendo aprisionado, flagelado e torturado.
Filmado inteiramente em latim, o filme é de tirar o fôlego. Quase uma obra de Pasolini, com suas orgias dionisíacas e porcos. Derek Jarman, propõe uma experiência audiovisual, com longos banhos de rio, orgias greco-romanas, que talvez tenham inspirado Tinto Brass, em seu Calígula, cabras e o final catártico que se tornou símbolo da imagem de São Sebastião.
Sebastiane é absolutamente comovente, misturando sequências eróticas de homens brincando uns com os outros e as ideias inebriantes que Jarman mais tarde desenvolveria ao longo de sua curta carreira. Um filme de estreia esotérico, ousado, bombástico e brilhante.
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