quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Canto dos Ossos(Brasil, 2020)



O filme cearense Canto dos Ossos, da dupla Petrus de Bairros e Jorge Polo, foi o grande vencedor da Aurora na 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2020.O longa utiliza a monstruosidade para fazer uma analogia com a homossexualidade.

Narrado por uma transexual, o filme traz à cena monstras, figuras que perpetuam pelo tempo, enquanto se alimentam de humanos e aos poucos se multiplicam, com um aspecto de predador, com grandes garras como um lobisomem. 

A maioria das vítimas são indivíduos LGBTQIA+, inclusive o filme com um aspecto marginal de baixo orçamento, também usa esse recurso como metáfora para mostrar como a sociedade ainda marginaliza o homossexual.


Ambientada em Búzios, a obra nos apresenta a professora Naiana, que fuma maconha, enquanto observa corpos serem devorados, no final das contas ela também é uma monstra. 

 

Mergulhando no universo do terror e dialogando com a estética queer, o filme faz até uma homenagem ao cinema cru e explícito de Bruce la Bruce, na obra L.A. Zombie, quando um zumbi penetra um cádaver.

Quando um amigo gay de Naiana chega à cidade e não a encontra ele acaba se relacionando com um fotógrafo local, outro importante personagem do filme, que é cheio de coadjuvantes adolescentes. Eles iniciam um romance enquanto procuram por Naiana.

O Canto dos Ossos é uma obra atípica no terror nacional, um terror B, que conduz uma trama LGBTQIA+ de maneira sólida, inventiva e aterrorizante. É sempre bom lembrar, como a comunidade queerr, foi por muitos anos vista pela sociedade.


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