terça-feira, 24 de novembro de 2020

Corações Desertos(Desert Hearts, EUA, 1985)

Realizado em 1985, Corações Desertos é um filme que exalta a feminilidade. Feito, escrito e dirigido por mulheres, o longa é um marco, por uma das primeiras vezes estar mostrando a relação entre duas homossexuais de uma forma positiva, na Nevada, de 1959.

O filme, dirigido por Donna Deitch, começa quando Vivian Bell, personagem de Helen Shaver, chega à estação de trem após ter pedido o divórcio. A professora se hospeda no rancho de uma família, onde conhece personagens bem peculiares como Frances, papel de Audra Lindley, e a jovem Cay, Paricia Charbonneau.

A sequência do carro a caminho da casa, com o deserto ao fundo é linda lembrando um road movie de anos mais tarde, Thelma & Louise. Com a presença de Vivian na casa, Cay acha que finalmente encontrou alguém, que não o seu suposto namorado, para amar.

Durante a primeira meia hora, o filme com um clima absolutamente sensível apresenta as personagens, Frances, Vivian, Cay e Silver, as duas últimas trabalham num cassino. Até que percebemos que Cay é completamente lésbica e está envolvendo Vivian num jogo de sedução.



Conservadores, os anos 1950, que já renderam outras obras lésbicas como Almas Gêmeas e Carol, não permitiam que Vivian aceitasse sua natureza e sua nova condição. O processo do romance será então complicado, mas doce e delicado, e as duas protagonistas dão um show em todas as cenas.

Corações Desertos é um filme simplesmente belíssimo estrelado por duas grandes atrizes que são subitamente consumidas pela paixão. O que o torna incomum é a época em que se passava, no final dos anos 1950, quando em 1985 aquele assunto ainda gerasse burburinho. 

Quando Silver, uma cantora, faz seu número de I’m look someone to love a cena é poética. Mas é quando Vivian e Cay se beijam pela primeira vez num carro, na chuva, que o momento mais icônico do filme acontece.

Com o tempo parece que o filme foi ganhando o seu merecido valor. Uma obra prima sobre homossexuais, baseada na obra literária da autora Jane Rubin, tão sensível e sutil quanto um sentimento puro e verdadeiro.


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