segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Saint Narcisse(Canadá, 2020)


Com Saint Narcisse, o sempre controverso diretor canadense, Bruce LaBruce mostrou um lado diferente de si mesmo. Sem sexo explícito, violência, orgias e drogas, o diretor, de E o Michê vestia branco e O Exército dos Frutas, realizou sua obra com maior apuro estético desde o também sensível, Gerentophilia.

O filme abre com a imagem da ‘mala do protagonista’ que vai subindo até seu rosto. Ele está na lavanderia, e lá delira que transa com uma mulher na frente de todos na vitrine. No início dos anos 1970, Dominic, Felix Antoine Duval, é um jovem belo que ama a própria imagem, realizando selfies através de uma câmera de Polaroid e mora com a avó, com quem fala em francês.


Com a morte da avó, Dominic segue pistas que a levam até sua mãe, Beatrice num vilarejo onde ela tem fama de bruxa. Chegando na casa, o jovem toma banho nu no chuveiro, enquanto uma mulher aponta uma arma para ele. Quando finalmente encontra sua mãe está como veio ao mundo e a abraça, no resgate de um recém nascido.


Logo descobrimos que a mulher da arma é Irene, e que a mãe teve que abandoná-lo, porque, lésbica, teve um caso com Agathe e a tiraram a criança. A cena mostrada em flashback mostra Beatrice comprando Sopas Campbell, em uma clara referência à Andy Warhol.


No vilarejo, Dominic descobre um monastério e encontra um irmão gêmeo, Daniel. O monge é abusado pelo Padre Andrew, Andreas Apergis, que pensa que Daniel é a encarnação de São Sebastião, o flagela e o abusa sexualmente.


Num banho de rio, onde todos os monges tomam banho nus no rio, Dominic se observa como Narciso em um espelho. Ele finalmente encontra o irmão gêmeo, a quem beija, e faz sexo numa cena realmente fora do convencional. Após isso eles trocam de lugar.

Finalmente descobrindo sua sexualidade, Daniel transa com Irene e conhece a mãe, a doce e misteriosa Beatrice. Enquanto o padre flagela Dominic, que logo deixará a postura submissa do irmão no passado.

Saint Narcisse, é um dos trabalhos mais bonitos de Bruce LaBruce, é original, belo e esteticamente coerente e eroticamente delicado, além de nos apresentar um roteiro bem elaborado e bastante criativo ao criticar a igreja, e falar de fé, incesto e narcisismo.

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