terça-feira, 10 de novembro de 2020

Os Rapazes da Banda(The Boys in the Band, EUA, 1970)



O recente remake produzido por Ryan Murphy chamou a atenção para a versão original de Os Rapazes da Banda, dirigida em 1970 por William Friedkin, que anos mais tarde realizaria O Exorcista e Parceiros da Noite.

Baseado na peça Off-Broadway, de 1968, escrita por Matt Crowley, o texto era realmente ousado para a época, exaltando o orgulho LGBTQIA+ e tratando pessoas queer com total naturalidade. Até certo ponto, o filme é quase como um diálogo entre homossexuais assumidos e bem resolvidos.

O início do longa mostra imagens aleatórias de Nova York, como poodles passando e homens bonitos sorrindo, enquanto somos apresentado a cada um dos personagens, que mais tarde se reunirão na festa oferecida por Michael ao aniversariante Harold.

Antes da festa começar, Michael recebe porém o telefonema do colega heterossexual Alan, aos prantos pedindo para visitá-lo. Esse será a figura que representa a sociedade enquanto os amigos já destilam discursos de como ser viado, e usam expressões queer, principalmente pelo afeminado Ebory.



Apesar das r
eferências da época como Judy Garland, Bette Davis e Joan Crawford, estar consciente do período em que a obra foi realizada com sua ambientação teatral e texto sagaz e sarcástico fazem com que o filme esteja bem a frente do seu tempo.

Alan se identifica com Hank, o mais heteronormativo de todos, enquanto condena a delicadeza de Ebory,por ser uma “bicha louca”. Enquanto isso chega um garoto que será o presente de Harold, mas quando Alan vai para a sala as provocações de Ebory o levam a agredi-lo.

Quando o aniversariante, Harold, finalmente chega encontra um cenário de confusão existencialista que só irá se intensificar com sua presença. Os gays dançam ao som de The Look of Love, enquanto começa a chover.


A chuva leva Michael a mostrar seu lado sórdido e perverso e promover um jogo, onde todos deverão ligar para a pessoa que mais amaram. O jogo provoca todo o tipo de reações e acaba consolidando a relação poliamor de Larry e Hank e colocando a heterossexualidade de Alan em questão.

O filme chama a atenção por estar tão a frente do seu tempo, e ainda ser tão atual, ao discutir temas e angústias da homossexualidade em uma época onde era tão mais difícil sair do armário. Ver personagens se tratando pelo feminino em uma época que reprimia tanto os LGBTQIA+ é simplesmente um deleite.

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