A diretora Sally Potter se baseou no romance da autora Virginia Woolf, escritora, que abordava temas como empoderamento feminino e homossexualidade em uma época extremamente conservadora. Sua obra Orlando, de 1928, transgredia tempo e gênero e foi lindamente levada para o cinema pelas mãos, é claro, de uma mulher.
Andrógina como sempre, Tilda Swinton surge emulando David Bowie, em um figurino vitoriano. A atriz é Orlando, um nobre inglês, que logo na primeira cena já quebra de maneira criativa a quarta parede, recurso que a diretora usa em momentos chaves do filme. Em uma visita da rainha Elizabeth I ela condena o rapaz a ser jovem para sempre, e assim ele atravessará séculos de parceiros, sentimentos e gênero.
Dividido em capítulos que contemplam diferentes momentos da vida de Orlando, existe o Amor quando beija apaixonadamente uma jovem russa. E o Poesia, onde mantém conversas sobre o tema sagrado e se atreve a escrever.
Com uma ambientação impecável que ilustra com opulência cada época e uma direção de arte e figurinos sublimes, o filme é um dos poucos a abordar com tanta sensibilidade temas como androginia, homossexualidade, bissexualidade e fluidez de gênero. É claro, que a atuação impecável de Tilda Swinton faz toda diferença. Quando se vê pela primeira vez nua num corpo feminino afirma ser a mesma pessoa mas em um sexo diferente.
Em 1850, quando conhece Shelmerdine, personagem de Billy Zane, Orlando se entrega ao sexo com paixão. Com um visual feminino sublime, Lady Orlando agora explora aspectos de sua feminilidade enquanto também precisa enfrentar o peso de uma sociedade machista.Orlando é uma belíssima obra para quem quer acompanhar o trabalho de diretoras mulheres. É uma ode à Virginia Wolf que entrega na imortalidade da personagem conceitos de masculino e feminino, ainda muito relevantes em nossa sociedade atual.
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